quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Máximo de Tédio no Máximo de Civilização" - Texto de Eça de Queirós


Clyde Aspevig, Moonrise
 


Máximo de tédio no máximo de civilização


"Na Terra tudo vive - e só o homem sente a dor e a desilusão da vida. E tanto mais as sente, quanto mais alarga e acumula a obra dessa inteligência que o torna homem, e que o separa da restante Natureza, impensante e inerte. É no máximo de civilização que ele experimenta o máximo de tédio. A sapiência, portanto, está em recuar até esse honesto mínimo de civilização, que consiste em ter um tecto de colmo, uma leira de terra e o grão para nela semear. Em resumo, para reaver a felicidade, é necessário regressar ao Paraíso - e ficar lá, quieto, na sua folha de vinha, inteiramente desguarnecido de civilização, contemplando o anho aos saltos entre o tomilho, e sem procurar, nem com o desejo, a árvore funesta da Ciência!"


Eça de Queirós, in 'Civilização'


Clyde Aspevig, Alpine Lake


"O cansaço ronca em cima de uma pedra, enquanto a indolência acha duro o melhor travesseiro."

(William Shakespeare)


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