segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Contemplação" - Poema de Antero de Quental


 


Contemplação 


Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...

Que é o mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências…
Sobre vácuo insondável rastejando...

E dentre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentido...
 

in "Sonetos"


Obras de Rafal Olbinski











 

"O que mais importa não é o novo que se vê mas o que se vê de novo no que já tínhamos visto."



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