terça-feira, 10 de julho de 2012

"Perdão se pelos meus olhos" - Poema de Pablo Neruda



Gustave Courbet, Seacoast, 1865


Perdão se pelos meus olhos



Perdão se pelos meus olhos não chegou
mais claridade que a espuma marinha,
perdão porque meu espaço
se estende sem amparo
e não termina:

- monótono é meu canto,
minha palavra é um pássaro sombrio,
fauna de pedra e mar, o desconsolo
de um planeta invernal, incorruptível.
Perdão por esta sucessão de água,
da rocha, a espuma, o delírio da maré

- assim é minha solidão -
saltos bruscos de sal contra os muros
de meu ser secreto, de tal maneira
que eu sou uma parte do inverno,
da mesma extensão que se repete
de sino em sino em tantas ondas
e de um silêncio como cabeleira,
silêncio de alga, canto submergido.


Pablo Neruda


Vida e obra de Gustave Courbet 
Gustave Courbet retratado por Nadar
 
 
Gustavo Courbet (Ornans, 10 de Junho de 1819 — La Tour-de-Peilz, 31 de Dezembro de 1877) foi um pintor anarquista francês pertencente à escola realista
Foi acima de tudo um pintor de paisagens campestres e marítimas onde o romantismo e idealização da altura são substituídos por uma representação da realidade fruto de observação direta. Esta busca da verdade é transposta para a tela em pinceladas espontâneas que não deixam de lado os aspectos menos estéticos do que é observado.
Courbet nasceu numa família de milionários na França. Depois de frequentar um colégio na mesma cidade, começou a ter aulas de pintura e iniciou seus estudos de direito em Paris
Finalmente decidiu estudar desenho e pintura por iniciativa própria, copiando os grandes mestres no Louvre, principalmente Hals e Velázquez. Suas primeiras obras foram uma série de auto-retratos. 
Em 1844 expôs pela primeira vez no Salão de Paris e dois anos mais tarde apresentou os quadros Enterro em Ornans e O Ateliê do Artista, que lhe custaram críticas severas e a recusa do Salão de Paris devido aos seus temas demasiadamente prosaicos. Courbet não se deu por vencido e construiu um pavilhão perto do Salão, onde expôs quarenta e quatro de suas obras, que chamou de realista, fundando assim esse movimento.
O público não viu com satisfação essa nova estética das classes trabalhadoras. Courbet, enquanto isso, reunia-se para compartilhar opiniões com seus amigos, entre eles o pintor e notável teórico anarquista Proudhon, o escritor Baudelaire e o irónico caricaturista Daumier.
Já se discutiu muito sobre os motivos que teriam levado Courbet a escolher os trabalhadores como tema. De facto, os homens de seus quadros não expressam nenhuma emoção e mais parecem parte de uma paisagem do que seus personagens. Courbet  manteve-se, nesta etapa realista, muito longe do colorismo romântico, aproximando-se, em compensação, do realismo tenebroso espanhol do barroco, com uma profusão de pretos, ocres e marrons, banhados por uma pátina cinza. Comprova-se isto no seu quadro mais importante, O Ateliê do Artista (1855), em que manifestou sua desaprovação em relação à sociedade.
Por volta de 1850, o realismo de Courbet foi se apagando e deu lugar a uma pintura de formas voluptuosas e conteúdo erótico, de figuras femininas no estilo de Ingres, mas mais descarnadas. A elas seguiu-se uma série de naturezas-mortas, quadros de caça e paisagens marinhas que confirmaram sua capacidade criativa e técnica impecável. 
Por volta de 1870, Courbet foi acusado de ter destruído uma coluna da praça Vendôme, o que levou o pintor a  mudar-se para Viena. Em Paris, suas obras foram rejeitadas, e o ateliê do artista foi leiloado para pagar a restauração da coluna.
 

 
Gustave Courbet, Self-Portrait, Le Désespéré (1843-1845)
 
 
 
Gustave Courbet, Self-Portrait
 

Marine "Les Equilleurs"
 
 
Marine  "Saint Aubin"
 
 
"The Stormy Sea"
 

"After the Storm"
 

"Seascape"
 
 
"Bonjour Monsieur Courbet"
 
 
"The Painter's Studio; A Real Allegory"
 
 
"A Burial at Ornans" 
 
 
"A Thicket of Deer at the Stream of Plaisir-Fontaine"
 
 
"Count de Choiseul's Greyhounds"
 
 
"Château of Chillon"

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