sábado, 22 de junho de 2013

A Arte inspirada nas Histórias da Bíblia - Obras de Rembrandt Harmenszoon van Rijn



Rembrandt Harmenszoon van Rijn, Autorretrato aos 22 anos (c.1628)


Rembrandt Harmenszoon van Rijn (Leida, 15 de julho de 1606 — Amsterdão, 4 de outubro de 1669) foi um pintor e gravador neerlandês. É geralmente considerado um dos maiores nomes da história da arte europeia e o mais importante da história neerlandesa. É considerado, por alguns, como o maior pintor de todos os tempos. Suas contribuições à arte surgiram num período denominado pelos historiadores de "Século de Ouro dos Países Baixos", na qual a influência política, a ciência, o comércio e a cultura neerlandesa — particularmente a pintura — atingiram seu ápice.


Rembrandt, Autorretrato (1632)


Tendo alcançado sucesso na juventude como um pintor de retratos, seus últimos anos foram marcados por uma tragédia pessoal e dificuldades financeiras. No entanto, suas gravuras e pinturas foram populares em toda a sua vida e sua reputação como artista manteve-se elevada, e por vinte anos ele ensinou quase todos os importantes pintores neerlandeses. Os maiores triunfos criativos de Rembrandt são exemplificados especialmente nos retratos de seus contemporâneos, autorretratos e ilustrações de cenas da Bíblia. Seus autorretratos formam uma biografia singular e intimista em que o artista pesquisou a si mesmo sem vaidade e com a máxima sinceridade.


Rembrandt, Autorretrato com Corrente de Ouro (1635) 


Tanto na pintura como na gravura, ele expõe um conhecimento completo da iconografia clássica, que ele moldou para se adequar às exigências da sua própria experiência; assim, a representação de uma cena bíblica era baseada no conhecimento de Rembrandt sobre o texto específico, na sua assimilação da composição clássica, e em suas observações da população judaica de Amsterdão. Devido a sua empatia pela condição humana, ele foi chamado de "um dos grandes profetas da civilização."


Rembrandt, Autorretrato (1652) 


Em 1634, Rembrandt fez um bom casamento com a sobrinha de seu sócio, Saskia van Uylenburg, e em 1639 o casal pode comprar uma bela casa na cidade. Três filhos de Rembrandt morreram na infância, e embora um dos filhos, Titus, tenha nascido em 1641 e sobrevivido, Saskia, a esposa de Rembrandt, viria a morrer no ano seguinte. Mesmo assim, este foi o ano em que o artista pintou o mais celebrado de seus quadros, A Ronda Nocturna e alcançou o ápice de seu sucesso público.
A partir desse momento, a vida particular de Rembrandt tornou-se emaranhada, onde as evidências se revelam difíceis de interpretar. Em 1642, o pintor empregou uma viúva, Geertje Dircx, para cuidar de Titus, tornando-se na mesma época amante de Rembrandt. Em 1649 ela o processou, com sucesso, por quebra de compromisso, sendo recompensada, por Rembrandt, com uma pensão alimentícia. Ao descobrir que Geertje havia penhorado joias pertencentes a Saskia, Rembrandt conseguiu com que ela fosse internada por doze anos num asilo de indigentes em Gouda.
Uma das testemunhas durante a disputa legal foi uma jovem criada, Hendrickje Stoffels, que foi trabalhar para Rembrandt por volta de 1647. Ela pode ter sido a causa de seu rompimento com Geertje Dricx; de qualquer forma, permaneceu como governanta e amante do pintor até sua morte, em 1663. O rosto que aparece em Betsabá e muitos outros quadros famosos, carinhosamente pintados na década de 1650, deve ser dela; há motivos para supor que ela era companheira fiel e de confiança de Rembrandt. Em 1654, engravidou e foi levada perante a Igreja Reformista local e censurada; mais tarde o assunto parece ter sido esquecido. Em outubro de 1654, Hendrickje deu a Rembrandt uma filha, Cornelia, que morreu na infância.
No início da década de 1650, Rembrandt pintava uma obra-prima após outra. Havia deixado de ser um sucesso da moda, mas nunca lhe faltaram clientes ricos. Foi provavelmente a má administração que o levou à falência em 1656, culminado com a venda de sua casa em 1660. Titus e Hendrickje formaram uma sociedade para empregar Rembrandt, de modo que os quadros deles não caíssem nas mãos dos credores, e, a família mudou-se para os arredores de Amsterdão.
Daí por diante, a vida de Rembrandt foi externamente sem dramas, mas com muitas dificuldades financeiras. Ele sobreviveu tanto a Hendrickje como a Titus, morrendo em outubro de 1669.


Rembrandt, Autorretrato (1660)


Segundo estudiosos, a pintura do grande mestre divide-se claramente em duas fases distintas.

Na primeira fase, é evidente a influência de Pieter Lastman, que estudou com Caravaggio em Roma por mais de 10 anos. Esta técnica mostra um contraste muito grande com a iluminação da tela, o que confere grande dramaticidade às pinturas, que tinham temática bíblica ou mitológica. A movimentação dos personagens retratados também era muito carregada de expressões intensas, o que colaborava mais ainda na dramaticidade da cena. As pinturas eram menores, mas riquíssimas em detalhes, como vestimentas e joalheria.


Rembrandt, Autorretrato como Apóstolo Paulo (1661)


A segunda fase começa por volta de 1640, onde Rembrandt utiliza com maior profusão a monocromia em tons dourados, uma influência clara de Caravaggio, um dos primeiros grandes mestres do chiaroscuro, técnica com uma justaposição muito forte entre luzes e sombras, cujo resultado final é um efeito visual impressionante, criada por Leonardo Da Vinci. Porém o clima da pintura, ao invés de movimentos repentinos e fortes, torna-se mais leve, com personagens mais introspetivos e pensativos. A luz passa a ser não só um elemento que compõe o ambiente, mas começa a fazer parte do plano espiritual da pintura, como a luz da alma humana. Os efeitos de luz criam a forma e o espaço e a cor se subordina a estes, daí a ser chamado de mestre das luzes e sombras. A profundidade de seus quadros neste período é intensa, tocando ao extremo o observador Cada vez mais aproxima-se da técnica do grande mestre Ticiano, o que pode ser visto nas finalizações e na qualidade superficial de suas pinturas.


Rembrandt, Autorretrato (1661)


Rembrandt pintava em camadas de tintas, construindo a cena da região mais afastada até a sua frente, com o uso de vernizes entre estas camadas de tinta, que eram bem espessas, o que permitia uma ilusão de ótica graças à qualidade táctil da própria tinta. A manipulação tátil da tinta se aproximava de técnicas medievais, quando alguns efeitos de mimetismo transformavam a superfície da pintura. O resultado final varia muito no manuseio da tinta, sugerindo espaço de uma maneira altamente individual.


Rembrandt, Autorretrato (1669), ano de sua morte


Rembrandt pintou mais de cem autorretratos durante 40 anos. São leituras psicológicas de si mesmo, só comparáveis ao que Vincent van Gogh, outro holandês, realizou no século XIX.
Desde os primeiros anos felizes até a miséria do final da vida, o artista não condescendeu consigo próprio, não disfarçou nem alterou sua própria realidade, numa busca admirável pela verdade pessoal. Num dos seus últimos retratos, vê-se o olhar abatido de um Rembrandt idoso, resignado com a própria sorte, encarando com tristeza serena a própria pobreza e a solidão.



Cenas Bíblicas


Rembrandt, O Martírio de São Estevão, 1625 


Rembrandt, A Ressurreição de Lázaro (1630)


Rembrandt, Jeremias Lamentando a Destruição de Jerusalém, c. 1630 


Rembrandt, A Descida da Cruz, 1632-1633


Rembrandt, O Anjo impede o Sacrifício de Isaac (1635) 


Rembrandt, A Negação de Pedro, 1660


Rembrandt, O Retorno do Filho Pródigo, c. 1669

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