sexta-feira, 1 de agosto de 2014

"Medo" - Poema de Virgínia Vitorino


Joaquín Sorolla y Bastida, Another Marguerite, 1892


Medo


Ouve o grande silêncio destas horas!
Há quanto tempo não dizemos nada…
Tens no sorriso uma expressão magoada,
tens lágrimas nos olhos, e não choras!

As tuas mãos nas minhas mãos demoras
numa eloquência muda, apaixonada…
Se o meu sombrio olhar de amargurada
procura o teu, sucumbes e descoras…

O momento mais triste de uma vida
é o momento fatal da despedida,
- Vê como o medo cresce em mim, latente…

Que assustadora, enorme sombra escura!
Eis afinal, amor, toda a tortura:
- vejo-te ainda, e já te sinto ausente!


Virgínia Vitorino


Virgínia Vitorino
 

Poetisa, dramaturga e tradutora portuguesa, de nome completo Virgínia Vila Nova de Sousa Vitorino, nasceu em 1898, em Alcobaça, e faleceu em 1969, em Lisboa.
Cursou Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa, e frequentou o Conservatório Nacional de Música, onde estudou piano, canto, harmonia e italiano. Professora de liceu, trabalhou também na Emissora Nacional onde dirigia teatro radiofónico. Foi autora de três livros de poesia e de seis peças de teatro, todas representadas pela Companhia de Amélia Rey Colaço.
No domínio da poesia, as obras de estreia entroncam uma linha de sobrevivência do romantismo sentimental. A sua produção teatral, recebida com êxito, ressente-se de um certo sentimentalismo burguês, na ideação de intrigas marcadas por uma fatura melodramática.
Virgínia Vitorino foi agraciada pelo Governo Português com o grau de Oficial da Ordem de Cristo, em 1929, e com a Comenda da Ordem de Santiago, em 1932. Do governo espanhol recebeu a Cruz de D. Afonso XII, em 1930. Também foi retratada, entre outros, por Eduardo Malta e Teixeira Lopes, e mais recentemente por José Paulo Ferro e Manuela Pinheiro. Almada Negreiros foi autor de algumas das capas dos seus livros. Recebeu o prémio Gil Vicente do Secretariado Nacional de Informação pela peça Camaradas. A sua obra, Namorados (1918) foi editada catorze vezes. Teve vasta colaboração em jornais e revistas portuguesas e brasileiras. Esteve no Brasil a convite de Getúlio Vargas, por volta de 1937.


Galeria de Joaquín Sorolla y Bastida
Joaquín Sorolla y Bastida, An Arab Examining a Pistol, 1881


Joaquín Sorolla y Bastida, Virgin Mary, 1887



Joaquín Sorolla y Bastida, Trafficking in Human Beings, 1894


Joaquín Sorolla y Bastida, Lunch on the Boat, 1898


Joaquín Sorolla y Bastida, Boat Builders,1894



Joaquín Sorolla y Bastida, Oxen at the Beach, 1916


Joaquín Sorolla y Bastida, Fisher women from Valencia 


"Quem teme o sofrimento sofre já aquilo que teme." 

(Michel Eyquem de Montaigne)




Michel Eyquem de Montaigne (Saint-Michel-de-Montaigne, 28 de fevereiro de 1533 — Saint-Michel-de-Montaigne, 13 de setembro de 1592) foi um político, filosofo, pedagogista, escritor e cético francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo. É considerado um cético e humanista.
Ele criticou a educação livresca e mnemônica, propondo um ensino voltado para a experiência e para a ação. Acreditava que a educação livresca exigiria muito tempo e esforço, o que afastaria os jovens dos assuntos mais urgentes da vida. Para ele, a educação deveria formar indivíduos aptos ao julgamento, ao discernimento moral e à vida prática.


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