quarta-feira, 24 de junho de 2015

"Termo" - Poema de Miguel Torga





Termo


Pára, imaginação!
Não há mais aventura, nem poesia.
A hora é de finados,
Com versos apagados
Na lareira onde a fogueira ardia.

Pára, é a lei.
Agora é só cansaço desiludido
E memória teimosa que entristece
O nada que acontece
E o muito acontecido.

Pára, porque findou
O tempo intemporal
Do amor e da graça concedida
A quem nele, no seu barro original,
Modela a própria vida.


Coimbra, 3 de Novembro de 1993


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