quinta-feira, 1 de junho de 2017

"Infância" - Poema de Casimiro de Abreu


Charles Webster Hawthorne (1872 -1930), At the Seaside, 1920


Infância


Ó anjo da loura trança, 
Que esperança 
Nos traz a brisa do sul! 
– Correm brisas das montanhas... 
Vê se apanhas 
A borboleta de azul!...

Ó anjo da loura trança, 
És criança, 
A vida começa a rir. 
– Vive e folga descansada, 
Descuidada 
Das tristezas do porvir.

Ó anjo da loura trança, 
Não descansa 
A primavera inda em flor; 
Por isso aproveita a aurora 
Pois agora 
Tudo é riso e tudo amor.

Ó anjo da loura trança, 
A dor lança 
Em nossa alma agro descrer. 
– Que não encontres na vida 
Flor querida, 
Senão contínuo prazer.

Ó anjo da loura trança, 
A onda é mansa 
O céu é lindo dossel; 
E sobre o mar tão dormente, 
Docemente 
Deixa correr teu batel.

Ó anjo da loura trança, 
Que esperança 
Nos traz a brisa do sul!... 
– Correm brisas das montanhas... 
Vê se apanhas 
A borboleta de azul!...


In As Primaveras, 1859



Mary Cassatt, Children on the Beach, 1884


"Importa dar aos outros o amor de os ouvir. A criança ama quem for capaz de se partilhar com ela. De lhe dar o que é, sem cuidar de exigir nada em troca. Os nossos melhores amigos são sempre crianças." - José Luís Nunes Martins
 
 

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