quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

"Ninhos" - Poema de Afonso Lopes Vieira


Construção dum ninho



Ninhos 


Os passarinhos
Tão engraçados, 
Fazem os ninhos
Com mil cuidados.

São p’ra os filhinhos
Que estão p’ra ter
Que os passarinhos
Os vão fazer.

Nos bicos trazem
Coisas pequenas,
E os ninhos fazem
De musgo e penas.

Depois, lá têm
Os seus meninos,
Tão pequeninos
Ao pé da mãe.

Nunca se faça
Mal a um ninho,
À linda graça
De um passarinho!

Que nos lembremos
Sempre também
Do pai que temos,
Da nossa mãe! 




Ninhos






 
(Imagens retiradas da internet)
 

"A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos pois pensar bem. 
Nisto reside o princípio da moral. "



Ninho com filhotes de sabiá



Vanessa da Mata - Sabiá 
(Homenagem a Luiz Gonzaga)


Sabiá
A todo mundo eu dou psiu 
Perguntando por meu bem 
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá, vem cá também 

A todo mundo eu dou psiu 
Perguntando por meu bem 
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá, vem cá também 

Tu que andas pelo mundo 
Tu que tanto já voou 
Tu que falas aos passarinhos 
Alivia minha dor 

Tem pena d'eu 
Diz por favor 
Tu que tanto anda no mundo 
Onde anda o meu amor
Sábia




2 comentários:

  1. Boa noite,

    Conhece o poema de onde esta quadra faz parte? Estou a tentar encontrar a totalidade do poema:

    Daqui para o futuro,
    Queixas não torno a fazer
    Antes gaiola, que um tiro
    Antes penar, que morrer.

    Muito obrigada!

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  2. Bom dia!

    A quadra em questão pertence ao poema "O Passarinho Preso",- apólogos do poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage.

    Pode confirmar aqui:
    http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ub000061.pdf (Pág. 123)

    Obrigada pela visita ao quadrogiz.


    APÓLOGOS

    1

    O passarinho preso

    Na gaiola empoleirado,
    Um mimoso passarinho
    Trinava brandos queixumes
    Com saudades do seu ninho.

    «Nasci para ser escravo,
    (Carpia o cantor plumoso)
    Não há ninguém neste mundo,
    Que seja tão desditoso.

    «Que é do tempo, que eu passava,
    Ora descantando amores,
    Ora brincando nos ares,
    Ora pousando entre flores?

    «Mal haja a minha imprudência,
    Mal haja o visco traidor;
    Um raio, um raio te abrase,
    Fraudulento caçador!

    «Em que pequei? Por ventura
    Fiz-te à seara algum mal?
    Encetei, mordi teus frutos,
    Como o daninho pardal ?

    «Agrestes, incultas plantas
    Produziam meu sustento,
    Inútil aos que se prezam
    Do alto dom do entendimento...

    «Do entendimento! Ah malignos!
    Vós, possuindo a razão,
    Tendes de vícios sem conto
    Recheado o coração.

    «Ah ! Se a vossa liberdade
    Zelosamente guardais,
    Como sois usurpadores
    Da liberdade dos mais?

    «O que em vós é um tesouro,
    Nos outros perde o valor?
    Destrói-se o jus do oprimido
    Pela força do opressor?

    «Não tem por base a justiça,
    Funda-se em nossa fraqueza
    A lei, que a vós nos submete,
    Tiranos da Natureza.

    «Em ofensa das deidades,
    Em nosso dano abusais
    Da primazia, que tendes
    Entre os outros animais.

    «Mas ah triste! Ah malfadado!
    Para que me queixo em vão?
    Que espero, se contra a força
    De nada serve a razão? »

    Aqui parou de cansado
    O volátil carpidor;
    Eis que vê chegar da caça
    O seu bárbaro senhor.

    Trazia encostado ao ombro
    O arcabuz fatal, e horrendo,
    E alguns pássaros no cinto,
    Uns mortos, outros morrendo.

    Das penetrantes feridas
    Ainda o sangue pingava,
    E do cruento verdugo
    As curtas vestes manchava.

    O preso vendo a tragédia,
    Coitadinho, estremeceu,
    E de susto, e de piedade
    Quase os sentidos perdeu.

    Mas apenas do soçobro
    Repentino a si tornou,
    Com os olhos nos seus finados
    Estas palavras soltou:

    «Entendi que dos viventes
    Eu era o mais infeliz:
    Que outros tem pior destino
    Aquele exemplo me diz.

    «Da minha sorte já agora
    Queixas não torno a fazer:
    Antes gaiola que um tiro,
    Antes penar que morrer.»

    Manuel Maria Barbosa du Bocage

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