terça-feira, 10 de maio de 2016

"A Infância" - Poema de Olavo Bilac


Mary Cassatt, The Boating Party, 1893–94, National Gallery of Art, Washington.



A Infância


O berço em que, adormecido,
Repousa um recém-nascido,
Sob o cortinado e o véu,
Parece que representa,
Para a mamãe que o acalenta,
Um pedacinho do céu.

Que júbilo, quando, um dia,
A criança principia,
Aos tombos, a engatinhar...
Quando, agarrada às cadeiras,
Agita-se horas inteiras
Não sabendo caminhar!

Depois, a andar já começa,
E pelos móveis tropeça,
Quer correr, vacila, cai...
Depois, a boca entreabrindo,
Vai pouco a pouco sorrindo,
Dizendo: mamãe... papai...

Vai crescendo. Forte e bela,
Corre a casa, tagarela,
Tudo escuta, tudo vê...
Fica esperta e inteligente...
E dão-lhe, então, de presente
Uma carta de A.B.C...


 

Mary Cassatt, The Child's Bath (The Bath), 1893, oil on canvas.


"Sem roupa, teu corpo está nu. Sem filhos, tua vida está despida."



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