sábado, 20 de julho de 2024

"A Esperança" - Poema de Augusto dos Anjos


Alessandro Turchi (Italian painter, 1578–1649), Allegory of Hope, c. 1617-18.



A Esperança


A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro – avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!


Augusto dos Anjos, "Eu e Outras Poesias".
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. 
 

Sem comentários: