sexta-feira, 19 de julho de 2024

"Filhos do Mar" - Poema de Francisco Carvalho


Harold Harvey (Newlyn School painter, 1874–1941), Unloading the boats, Newlyn Harbour, 1906.



Filhos do Mar


Somos do mar e ao mar regressaremos
quando passarem todos esses anos.
Nossas mãos são vestígios desses remos
de argonautas de antigos oceanos.

Somos do mar, das conchas, dos sargaços.
O mar nos rememora e nos inventa.
Ao mar estão ligados nossos braços
como se fossem restos de placenta.

Somos do mar, dos ventos, das procelas
dos bons augúrios, dos momentos maus.
Nossos corpos são mastros ou são velas
singrando as rotas de perdidas naus.

Somos do mar e ao mar, que nos inventa,
nos ligam seios, restos de placenta.


Francisco Carvalho, in Galope de Pégaso, 1994.
 
 
Harold Harvey, The Old Slip, Newlyn, 1908.
 
 
É agradável quando seres iguais se unem, mas é divino quando um grande homem
 eleva para si quem é inferior a ele. 
 
 

Harold Harvey, Orange Sellers, Newlyn, c. 1907.
 

"Quando jovem, o homem acredita estar tão próximo do seu objetivo! De todas as ilusões criadas
 pela natureza para socorrer a fragilidade do nosso ser, esta é a mais bela."

 

Harold Harvey, The Bathers, 1913.


"Você não quer nadar no pântano. Venha agora, venha e vamos tomar banho no mar!"
 
Friedrich Hölderlin
, Hyperion: Empedokles, Página 129 E. Lichtenstein, 1921, 398 páginas.
 

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