quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

"Baladas Românticas" - Poema de Olavo Bilac




Hans Zatzka (Austrian, 1859–1945), Blumenreigen,
Dancing Amongst the Flowers, ca. 1900 



Baladas Românticas


Como era verde este caminho!
Que calmo o céu! que verde o mar!
E, entre festões, de ninho em ninho,
A Primavera a gorjear!...
Inda me exalta, como um vinho,
Esta fatal recordação!
Secou a flor, ficou o espinho...
Como me pesa a solidão!

Órfão de amor e de carinho,
Órfão da luz do teu olhar,
- Verde também, verde-marinho,
Que eu nunca mais hei de olvidar!
Sob a camisa, alva de linho,
Te palpitava o coração...
Ai! coração! peno e definho,
Longe de ti, na solidão!

Oh! tu, mais branca do que o arminho,
Mais pálida do que o luar!
- Da sepultura me avizinho,
Sempre que volto a este lugar...
E digo a cada passarinho:
"Não cantes mais! que essa canção
Vem me lembrar que estou sozinho,
No exílio desta solidão!"

No teu jardim, que desalinho!
Que falta faz a tua mão!
Como inda é verde este caminho...
Mas como o afeia a solidão!
 
 
Olavo Bilac, in “Poesias”
 
 
 
Joseph Bernard (French, 1864-1933), Allegory of Spring
 


Primavera 


As flores abrindo
no vento da primavera
como gargalhadas
 
 
É primavera –
sobre a montanha sem nome
névoa da manhã.
 
 
Vai-se a primavera –
choram as aves e há lágrimas 
nos olhos dos peixes. 
 

Matsuo Bashō
(Haicai / Haikai / Haiku)

2 comentários:

Maria José Speglich disse...

Olá
Quem traduziu esta poesia?

quadrogiz disse...

Olá Maria José Speglich! Obrigada pela visita ao blog.

A tradução dos 3 haikus de Matsuo Bashō foi feita por Leonilda Isidoro Cavaco Alfarrobinha.

Para quem gosta da poesia de Bashō, pode consultar o excelente trabalho de Leonilda Alfarrobinha, aqui:

https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/19227/1/MESTRADO-DISSERTA%C3%87%C3%83O.pdf