segunda-feira, 13 de março de 2017

"Venho de dentro, abriu-se a porta" - Poema de Luiza Neto Jorge


Abbott Fuller Graves (1859-1936), Lady in the Garden 

 
Venho de dentro, abriu-se a porta


Venho de dentro, abriu-se a porta:
nem todas as horas do dia e da noite
me darão para olhar de nascente
a poente e pelo meio as ilhas.

Há um jogo de relâmpagos sobre o mundo
de só imaginá-la a luz fulmina-me,
na outra face ainda é sombra.

Banhos de sol
nas primeiras areias da manhã
Mansidões na pele e do labirinto só
a convulsa circunvolução do corpo.


Luiza Neto Jorge
A Lume, Assírio & Alvim, 1989


Sem comentários: