domingo, 21 de novembro de 2021

"A minha filha Violante" - Poema de Eugénio de Castro

(Eylau and Jeanine Lepic), 1871
 


A minha filha Violante 

 
Acorda cedo como os passarinhos,
vem logo direita à minha cama;
sacode-me com jeito, por mim chama
e abre-me os olhos com os seus dedinhos.

Estremunhado, zango-me. – “Beijinhos,
não quer beijinhos?” com voz d’ouro exclama.
Da minha ira empalidece a chama,
e, acarinhando-a, pago os seus carinhos.

Senhor! que amor de filha tu me deste!
Dá-lhe um caminho brando e sem abrolhos,
dá-lhe a Virtude por amparo e guia.

E destina também, ó Pai celeste,
que a mão com que ela agora me abre os olhos
seja a que há de fechar-mos algum dia!

Eugénio de Castro

2 comentários:

Maria José Speglich disse...

Seu blog é um show, muito instrutivo e belo.
Obeigada

quadrogiz disse...

Boa noite Maria José Speglich! Muito obrigada pela visita ao blog e pelo comentário. Bem haja!