Ferdinand Hodler (Swiss painter, 1853–1918), Femme Joyeuse, 1911.
Comparar-te a um dia de verão?
(Versão de Carlos de Oliveira )
Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:
Porque o mundo, que vê e que respira,
te verá respirar na minha lira.
William Shakespeare, in "Sonetos"
Tradução de Carlos de Oliveira (1921-1981)
(Versão de Vasco Graça Moura )
Que és um dia de verão não sei se diga.
És mais suave e tens mais formosura:
vento agreste botões frágeis fustiga
em maio e um verão a prazo pouco dura.
O olho do céu vezes sem conta abrasa,
outras a tez dourada lhe escurece,
todo o belo do belo se desfasa,
por caso ou pelo curso a que obedece
da natureza; mas teu eterno verão
nem murcha, nem te tira teus pertences,
nem a morte te torna assombração
quando o tempo em eternas linhas vences:
enquanto alguém respire ou possa ver
e viva isto e a ti faça viver.
William Shakespeare, in "Sonetos"
Os Sonetos de Shakespeare perfazem um conjunto de 154 poemas publicados em 1609, embora as datas de composição sejam imprecisas. Eles tratam de assuntos como amor, beleza, política e mortalidade.
Soneto
Soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por catorze versos, de origem atribuída a poetas da Sicília ou da Provença.
Pode ser apresentado em três formas de distribuição dos versos:
- Soneto italiano ou petrarquiano: apresenta duas estrofes de quatro versos (quartetos) e duas de três versos (tercetos);
- Soneto inglês ou Shakespeariano: três quartetos e um dístico;
- Soneto monostrófico: Apresenta uma única estrofe de 14 versos. (daqui)
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