Bufotes balearicus female (Bufo viridis)
Sapos num amplexo.
Bufo viridis
O Sapo-comum ou sapo-europeu (Bufo bufo) é uma espécie de sapo da família Bufonidae.
O Sapo
Não há jardineiro assim,
Não há hortelão melhor
Para uma horta ou jardim,
Para os tratar com amor.
É o guarda das flores belas,
da horta mais do pomar;
e enquanto brilham estrelas,
lá anda ele a rondar...
Que faz ele? Anda a caçar
os bichos destruidores
que adoecem o pomar
e fazem tristes as flores.
Por isso, ficam zangadas
as flores, se se faz mal
a quem as traz tão guardadas
com o seu cuidado leal.
E ele guarda as flores belas,
a horta mais o pomar;
brilham no céu as estrelas,
e ele ronda, a trabalhar...
E ao pobre sapo, que é cheio
de amor pela terra amiga,
dizem-lhe que é feio
e há quem o mate e persiga
Mas as flores ficam zangadas,
choram, e dizem por fim:
- «Então ele traz-nos guardadas,
e depois pagam-lhe assim?»
E vendo, à noite, passar
o sapo cheio de medo,
as flores, para o consolar,
chamam-lhe lindo, em segredo...
Afonso Lopes Vieira,
in 'Animais Nossos Amigos'
in 'Animais Nossos Amigos'
Afonso Lopes Vieira por Columbano Bordalo Pinheiro (1910).
Poeta e ficcionista português, Afonso Lopes Vieira, nasceu a 26 de janeiro de 1878, em Leiria, e morreu a 25 de janeiro de 1946, em Lisboa.
Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a praticar a advocacia. Foi, entre 1900 e 1919, redator da Câmara dos Deputados, e, a partir de 1916, dedicou-se exclusivamente à literatura e à ação cultural.
Retirou-se na sua casa de São Pedro de Muel onde recebia vários amigos, também escritores, e viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, Norte de África e Brasil, tendo decidido "reaportuguesar Portugal, tornando-se europeu".
Levou a cabo inúmeras tentativas de reabilitação junto do grande público (inclusivamente infantil) de um património nacional, nomeadamente clássico e medieval, esquecido, seja pela tradução (Romance de Amadis) ou divulgação de obras de autores basilares da cultura nacional (edição de Os Lusíadas; a promoção de uma Campanha Vicentina).
Integrado no grupo da "Renascença Portuguesa", colaborou em publicações como A Águia, Nação Portuguesa ou Contemporânea.
A sua poesia, próxima do saudosismo, inscreve-se num filão tradicional que, fazendo a transição entre a poesia neorromântica de fim-de-século e correntes nacionalistas e sebastianistas do início do século XX, recuperam métricas, formas etemas tanto inspirados na literatura clássica como nos romanceiros ou na literatura popular.
Com uma faceta de anarquista, que inspirará, por exemplo, a obra ficcional Marques (História de um Perseguido), as inúmeras ações de renascimento cultural de Portugal que promoveu, mantiveram-se num plano da consciência individual, sem aderirem a programas com ideais em parte coincidentes, como o integralismo, representando, antes, no início do século, a persistência de um neorromantismo que fora encetado com o neogarrettismo de Alberto de Oliveira.
Destacam-se na sua produção: Para quê, Náufragos: Versos Lusitanos, O Encoberto, Bartolomeu Marinheiro, Arte Portuguesa, Ilhas de Bruma e Onde a Terra Acaba e o Mar Começa.
Afonso Lopes Vieira. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014.
Tito Paris - Mar Azul (Live)
Tito Paris é um músico, compositor e cantor cabo-verdiano, nascido em 30 de Maio de 1963, na cidade do Mindelo, na Ilha de São Vicente. Radicado em Lisboa, ele é um dos responsáveis pela divulgação da música das ilhas da Morabeza pelo mundo além de uma figura de relevo da comunidade africana na capital.
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