Serenata à Chuva
Chuva, manhã cinza, guarda-chuva.
Entrar no contexto, dois pontos. Ele e ela
abraçados caminham sob o teto
do guarda-chuva que os guarda.
Pelas ruas vão com a vontade de voltar
ao branco dos lençóis. Esse objeto prosaico
que às vezes se vira com o vento
torna-se objeto de poema. Dizer também
como a chuva é doce neste dia de verão.
Como o amor altera o sentido da chuva,
sim, como ela se eleva no ar e as frases se colam
ao vestido. No interior da pele o poema mudou
desde que entraste no guarda-chuva esquecido
a um canto do armário. Talvez o amor seja tudo amar
sem exceção. Eu que nunca uso guarda-chuva
assino incondicionalmente este poema.
Rosa Alice Branco, in 'Soletrar o Dia'
Leonard Cohen - Closing Time
(Théophile Gautier)
(Admirer, c'est aimer par l'esprit; aimer, c'est admirer par le cœur!)
- Histoire de l'art dramatique en France depuis vingt-cinq ans: (ler - 6me série)
- página 309, de Théophile Gautier
- Publicado por Librairie Universelle de J Rozez, 1859
Théophile Gautier fotografado por Nadar.
Pierre Jules Théophile Gautier (Tarbes, 31 de agosto de 1811 — Paris, 23 de outubro de 1872) foi um escritor, poeta, jornalista e crítico literário francês.
Enquanto Gautier foi um ardente defensor do Romantismo, sua obra é difícil de classificar e continua a ser um ponto de referência para muitas tradições literárias posteriores, como Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo e Decadentismo. Ele foi amplamente valorizado por escritores tão diversos como Balzac, Baudelaire, os irmãos Goncourt, Flaubert, Proust e Oscar Wilde.
Em 1830 publicou suas primeiras Poesias, nas quais demonstra habilidade na descrição precisa e colorida de objetos e paisagens.
No prefácio de Mademoiselle de Maupin, de 1835, Gautier afirma sua posição estética, seu culto da arte pela arte, seu desdém pela moral, sustentando a tese de que a arte e a moral nada têm em comum.
Aos poucos, afasta-se de seus amigos românticos. Nessa época, por necessidades económicas, teve de sujeitar-se ao trabalho de crítico dramático, literário e artístico do La Presse e depois do Monitor.
Ao contrário de outros românticos, Gautier não se manifestou ativamente em política. Sua obra compreende coletâneas de poesias, entre as quais: Émaux et Camées, de 1852, obra que teve grande influência sobre Baudelaire, Banville e outros poetas parnasianos; romances como O romance da múmia, de 1858 e Capitão Fracasso, de 1863; diários de viagem e o poema L´Art, uma das obras mais importantes e características de Gautier, onde ele proclama o valor absoluto da profissão de artista, a necessidade - para o poeta - de aceitar as dificuldades da técnica, sugerindo a ideia do jogo subtil das imagens e a utilização delicada dos recursos de linguagem. (daqui)
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