Joseph Wopfner (Áustria, 1843-1927), Erntezeit (Tempo de colheita)
Poema
As palavras mais nuas
as mais tristes.
As palavras mais pobres
as que vejo
sangrando na sombra e nos meus olhos.
Que alegria elas sonham, que outro dia,
para que rostos brilham?
Procurei sempre um lugar
onde não respondessem,
onde as bocas falassem num murmúrio
quase feliz,
as palavras nuas que o silêncio veste.
Se reunissem
para uma alegria nova,
que o pequenino corpo
de miséria
respirasse o ar livre,
a multidão dos pássaros escondidos,
a densidade das folhas, o silêncio
e um céu azul e fresco.
Joseph Wopfner, Bei der Tell-Kapelle am Ufer des Vierwaldstätter Sees, 1873
Vivi tanto
que já não tenho outra noção
de eternidade
que não seja a duração da minha vida.
António Ramos Rosa, em 'Torno do Imponderável', 2012
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