segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

"Canção Báquica" - Poema de Aleksander Púchkin


Charles Courtney CurranHollyhocks and Sunlight, 1902



Canção Báquica


Que fez calar a alegre voz?
Ressoai, canções licenciosas!
Bem-vindas, moças carinhosas
E esposas tão jovens que amáveis a nós!
As taças enchei sem tardança!
No vinho a espumar,
No fundo, o jogar
Vinde (e ouvi-las soar) cada aliança!
Cada taça se erga, de vez seja finda!
Bem-vindas, ó musas; Razão, sê bem-vinda!
Astro sagrado, arde tu, sol!
Como o lampião empalidece
Ao claro surgir do arrebol,
Assim o saber falso hesita e esvanece
Ante o imortal sol da Razão.
Bem-vindo sê tu, sol; vai-te negridão!

(1825)

Aleksander Púchkin, em "Poesias escolhidas" 
Tradução de José Casado



Charles Courtney Curran, Among the Hollyhocks, 1904


A uva


Não choro, finda a primavera 
ligeira, a rosa que definha, 
pois, maturando numa vinha 
ao pé do monte, a uva me espera: 
primor do vale viridente, 
deleite do dourado outono,
tão diáfana e tão longo como
os dedos de uma adolescente.

(1824)

A dama de espadas: prosa e poemas. 
Tradução de Boris Schnaiderman e Nelson Ascher

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