Solidão
Vago aroma de esteva, ao mesmo tempo ardente e virgem,
E este murmúrio doce da folhagem,
São o falar do mato, na estiagem,
Segredando os mistérios da origem.
Calma profunda, doce, resignada...
A vida não é mais do que o viver
Da paisagem nostálgica e pasmada.
A solidão tem dedos de veludo,
De frementes afagos delicados.
— Bendita solidão, que beijas tudo,
Onde andarão meus sonhos desvairados?!...
Nestes montados,
Que purificação me invade a alma!
Como entra, em mim, toda a serenidade
Dos ermitões, orando na paisagem!
Nesta paisagem,
Calma, calma, calma,
Como a Eternidade.
Francisco Bugalho,
E este murmúrio doce da folhagem,
São o falar do mato, na estiagem,
Segredando os mistérios da origem.
Calma profunda, doce, resignada...
A vida não é mais do que o viver
Da paisagem nostálgica e pasmada.
A solidão tem dedos de veludo,
De frementes afagos delicados.
— Bendita solidão, que beijas tudo,
Onde andarão meus sonhos desvairados?!...
Nestes montados,
Que purificação me invade a alma!
Como entra, em mim, toda a serenidade
Dos ermitões, orando na paisagem!
Nesta paisagem,
Calma, calma, calma,
Como a Eternidade.
Francisco Bugalho,
in "Paisagem"
(1864 - 1935)
[Aguarela representando o rei D. Carlos, de
pé, a mais de meio corpo, voltado ligeiramente para a esquerda. Enverga o
grande uniforme de Marechal General, tendo o capacete na mão direita,
enquanto a esquerda assenta no punho da espada. Traz a tiracolo a banda
das Três Ordens Militares portuguesas e ostenta condecorações. No
segundo plano, à esquerda, pende um reposteiro carmesim apanhado em
baixo, sobre o qual foram apostas as Armas de Portugal. À direita,
surgem dois balaústres de uma varanda, por sobre a qual, e já no último
plano, se vê o mar sulcado por dois navios.
Esta aguarela está inserida numa moldura de casquinha dourada e
envidraçada. Segundo o Livro do Tombo, a peça pertenceu sempre ao Palácio Nacional de Mafra.
Foi colocada na Sala n.º 63, Sala D. Pedro V, Sala dos Instrumentos Musicais e Sala da Caça, onde se mantém.]
D. Carlos I, de seu nome completo Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha, (28 de Setembro de 1863 — 1 de Fevereiro de 1908) foi o penúltimo Rei de Portugal.
Nascido em Lisboa, era filho do rei Luís I de Portugal e da princesa Maria Pia de Saboia, tendo subido ao trono em 1889. Foi cognominado O Diplomata (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII do Reino Unido, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), O Martirizado e O Mártir (em virtude de ter morrido assassinado), ou O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco).
A
trágica morte do penúltimo rei português num atentado no Terreiro do
Paço, em 1 de Fevereiro de 1908, marcou o início do fim da monarquia portuguesa. O regicídio prenunciou a Proclamação da República, consumada
dois anos depois. Mas a vida do monarca que afrontou a progressão do Republicanismo e o Ultimato britânico de 1890 foi também marcada pelas
artes e ciências. (Daqui)
Praia de Cascais, 1096 - Aguarela de D. Carlos I
[Praia de Cascais é uma pintura a aguarela da autoria do pintor e rei português Carlos de Bragança e foi pintado em 1906. A pintura pertence ao Casa-Museu Anastácio Gonçalves de Lisboa.]
Sem comentários:
Enviar um comentário