Filho
de um escultor que lhe ensinou a profissão, Charles Le Brun cedo
revelou vocação para a pintura, começando aos treze anos a trabalhar no
atelier do pintor
François Perrier. Nessa altura, o talento do jovem
chamou a atenção do Chanceler
Pierre Séguier que o tomou para sua
guarda.
Em 1633, graças ao seu protetor, o
artista foi trabalhar para o atelier de
Simon Vouet, que teve também
entre os seus discípulos futuras grandes personalidades das artes,
André Le Nôtre,
Pierre Mignard e
Eustache Le Sueur. Completou a sua formação
numa estadia no Palácio de Fontainebleau onde estudou as coleções de
arte reais.
Reconhecido pelo seu grande talento e com o apoio financeiro do seu protetor, Le Brun partiu para Roma,
em 1642, a fim de estudar os grandes escultores e pintores italianos e
de conhecer os grandes artistas europeus da época, como foi o caso de
Nicolas Poussin que veio a ser seu mestre.
De regresso a Paris,
em 1646, recebeu várias encomendas, como a do superintendente Fouquet
para quem realizou as esculturas dos jardins e as tapeçarias do seu
soberbo palácio em Vaux-le-Vicomte ou a da Corporação dos Ourives que
lhe encomendou o quadro O Martírio de S. André (1647) para a Catedral
Notre-Dame, em Paris.
A pedido do Cardeal Mazarino, Le Brun e André Le Nôtre ficaram
responsáveis pela transformação do Pavilhão de Caça de Luís III no
Palácio de Versalhes.
Em 1660, foi nomeado
Primeiro Pintor Real, tornou-se diretor, em 1663, da Manufatura Real dos
Gobelins (famosas tapeçarias francesas) e da Mobília Real e chanceler
vitalício da Academia Real de Pintura e Escultura, que tinha fundado, em
1648, juntamente com outros onze pintores. Fundou ainda, em 1666, a
Academia de França, em Roma,
com o objetivo de formar e estimular o talento de jovens pintores e
escultores. Depois, ocupou-se exclusivamente da decoração da nova
residência real, o Palácio de Versalhes.
Realizou
trabalhos de decoração e pintura na Escada dos Embaixadores, na Galeria
dos Espelhos, nas salas da Paz e da Guerra e nos grandes apartamentos
reais, constantemente inspirado na mitologia e na arte italiana e
honrando sempre o Rei Sol -
Luís XIV. Le Brun foi ainda o criador da Art Officiel, uma arte colocada ao serviço do poder e das grandes instituições.
Em 1683, com a morte de
Jean-Baptiste Colbert,
um dos protetores do artista, Le Brun foi substituído, nas suas funções
de superintendente dos edifícios, das artes e das manufaturas, por
Pierre Mignard, protegido do Marquês de Louvois. Em resultado desta
substituição, o artista passou a produzir apenas quadros de temáticas
religiosas e a ocupar-se do Palácio de Montmorency.
Como
teórico, escreveu o tratado
A Expressão das Paixões (1663), no qual
analisou os diferentes estilos e géneros de pinturas, e
Método para
Aprender a Desenhar as Paixões (1698, edição póstuma), no qual
descodificou, apoiando-se nas teorias de
Nicolas Poussin, a expressão visual das paixões na pintura.
Quanto
aos seus trabalhos, destacam-se ainda, para além dos acima mencionados,
a decoração pictural da Galeria de Apolo (1663), no Louvre, e os
quadros
O Retrato Equestre do Chanceler Séguier (1655-1657),
Alexandre e
Porus (1673) e
Adoração dos Pastores (1690), entre muitos outros.
Charles Le Brun faleceu a 12 de fevereiro de 1690, em Paris.
(Daqui)
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