Marià Fortuny i Marsal (Pintor e gravador catalão, 1838-1874),
Viejo desnudo al sol, 1871, Museu do Prado.
O Horror de ser Pobre
Risco c'um traço
(Um traço fino, sem azedume)
Todos os que conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes não me verão
Nunca mais
Olhar com azedume.
O horror de ser pobre!
Muitos gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as caras alguns anos depois!
Cheiros de latrina e papéis de parede podres
Atiravam abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
Destroem planos que fazem forte um povo.
Sem água de banho, solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do público
Arruína o espinhaço.
(Um traço fino, sem azedume)
Todos os que conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes não me verão
Nunca mais
Olhar com azedume.
O horror de ser pobre!
Muitos gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as caras alguns anos depois!
Cheiros de latrina e papéis de parede podres
Atiravam abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
Destroem planos que fazem forte um povo.
Sem água de banho, solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do público
Arruína o espinhaço.
O pobre
Nunca está sozinho. Estão todos sempre
A espreitar-lhe para o quarto. Abrem-lhe buracos
No prato da comida. Não sabe para onde há de ir.
O céu é o seu teto, e chove-lhe lá para dentro.
A Terra enxota-o. O vento
Não o conhece. A noite faz dele um aleijado. O dia
Deixa-o nu. Nada é o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada ajuda
Quem dinheiro não tem.
in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela
Tradução de Paulo Quintela
Marià Fortuny i Marsal, Autorretrato, 1858.
Seu incentivador foi o avô e seu mestre, o pintor Domènec Soberano.
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