79,2 x 101,6 cm. Museu Nacional de Soares dos Reis
[Descrição: No interior de uma sala com janela aberta para a paisagem, estão representadas três mulheres jovens, sentadas, envolvidas na atividade da costura. No 1º plano, um tapete de motivos geométricos, de cor ocre vermelho e azul, cobre parte do soalho. À esquerda, uma mesa coberta com toalha dum branco luminoso, sobre a qual está pousada uma garrafa de vidro onde se reflete a luz; na parede ocre por trás da mesa, várias pinturas suspensas. Ainda do lado esquerdo, uma das figuras femininas sentada de costas para o observador trabalha com a máquina de costura que tem diante de si. As outras mulheres estão representadas, uma à direita, de perfil e voltada para a esquerda e outra, ao centro, voltada para o observador e a três quartos para o lado direito. A meio da parede de fundo, uma porta aberta para a paisagem onde se prolonga o espaço do quadro. A luz que entra pela porta é um elemento estruturante da composição.] (daqui)
Por causa das roupas
Sem costureiros para conectar
A boa vontade do corpo
Ao propósito da mente,
Devíamos ser dois mundos
Em vez de um mundo e sua sombra,
A carne.
A cabeça é um mundo
E o corpo um outro -
O mesmo, mas algo mais lento
E mais deslumbrado e anterior,
A divergência sendo corrigida
No vestido.
Há um cheiro de Cristo
No tecido: abaixo do queixo
Não se quer mal algum.
Igual, imune
À prova capital, o saber floresce
Do seio protegido da luz, e as coxas
São humildes.
A união da matéria com a mente
Pelo método da indumentária
Não destrói nossa nudez
Nem abafa a sineta do pensamento.
O momento apenas une-se à sua hora
Muda.
No íntimo existe o brilho do conhecimento
E por fora existe o sombrio da aparência.
Mas ao vestir o manto e a touca
Só com mãos e face aparecendo,
Internalizamos o sombrio e brilhamos
Suavemente.
Por causa disso, pela graça neutra
Da agulha, nos apossamos de nossos triunfos
E de nossas derrotas
Numa conjugação equilibrada e única:
Hesitamos entre senso e insensatez,
E vivemos.
Laura Riding, "Mindscapes - poemas"
A boa vontade do corpo
Ao propósito da mente,
Devíamos ser dois mundos
Em vez de um mundo e sua sombra,
A carne.
A cabeça é um mundo
E o corpo um outro -
O mesmo, mas algo mais lento
E mais deslumbrado e anterior,
A divergência sendo corrigida
No vestido.
Há um cheiro de Cristo
No tecido: abaixo do queixo
Não se quer mal algum.
Igual, imune
À prova capital, o saber floresce
Do seio protegido da luz, e as coxas
São humildes.
A união da matéria com a mente
Pelo método da indumentária
Não destrói nossa nudez
Nem abafa a sineta do pensamento.
O momento apenas une-se à sua hora
Muda.
No íntimo existe o brilho do conhecimento
E por fora existe o sombrio da aparência.
Mas ao vestir o manto e a touca
Só com mãos e face aparecendo,
Internalizamos o sombrio e brilhamos
Suavemente.
Por causa disso, pela graça neutra
Da agulha, nos apossamos de nossos triunfos
E de nossas derrotas
Numa conjugação equilibrada e única:
Hesitamos entre senso e insensatez,
E vivemos.
Laura Riding, "Mindscapes - poemas"
Seleção, tradução e introdução de Rodrigo Garcia Lopes,
São Paulo: Iluminuras, 2004.
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