sexta-feira, 1 de novembro de 2013

"Toda a realidade é redutora" - Texto de Vergílio Ferreira


George Henry Boughton (Anglo-American, 1833-1905), Memories, 1896
 
 

Toda a realidade é redutora


Viajar não é realizar o imaginário que nos excita antes da viagem mas sim exterminá-lo. O deslumbramento é do que se imagina e não do que realizou esse imaginar. Nós pensamos numa terra longínqua e confusamente admitimos que essa distância é sensível quando lá estivermos. Ora quando lá estivermos há o real que desmistifica o imaginário, há o lá, como aqui, num sítio limitado por um horizonte totalmente presente e não tocado da ausência que havia na imaginação. Mesmo os seus elementos característicos que tiver, uma vez realizados, perdem a magia na sua realização. Eis porque precisamos às vezes de rever num mapa a sua localização para de algum modo lhe restaurarmos a distância. Tudo se solidifica na concretização do real, tudo se desvanece aí da sua figuração. A grande força do real é a do que está para lá dele, porque toda a realidade é redutora. 
 
Vergílio Ferreira, in 'Pensar'


George Henry Boughton, Self-portrait, 1884



George Henry Boughton, Rose Standish, 1891

 
George Henry Boughton, Winter Morning Walk, 1864, 


 George Henry Boughton - Pilgrims Going to Church, 1867; New York Historical Society


 George Henry Boughton, The Waning Honeymoon, 1878, Walters Art Museum 
 
 
 George Henry Boughton, Weeding the Pavement, 1882, National Gallery

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