Mondeguinho - Nascente do Rio Mondego
(Freguesia de Mangualde da Serra, Concelho de Gouveia)
Foto de Sofia Barão
Falando com o Mondego Estando Saudoso
Como é, Mondego, igual ao nascimento
O meu choro ao que a ti te desempenha;
Pois se o teu pranto nasce duma penha,
De um penhasco se causa o meu lamento.
Tu do mal, que padeço, estás isento,
Porque abrandas chorado a tosca brenha,
Mas Fillis mais que serra me desdenha,
Quando as ruas correntes acrescento.
Se pois a serra dura tanto zela
O teu chorar, que o áspero desterra,
E o meu pranto endurece a Fillis bela;
Por teres mais alivio, ou menos guerra
Chora tu, pois na serra tens estrela,
Eu não, que sem estrela amo uma serra.
Francisco de Vasconcelos Coutinho
Francisco de Vasconcelos (Coutinho) (1665-1723) nasceu no Funchal, frequentou a Universidade de Coimbra entre 1686 e 1697 e foi nomeado ouvidor da Capitania do Funchal em 1697. É um dos mais importantes poetas da Fénix Renascida, estando representado no volume I e no volume II. Em 1729, já depois da sua morte, foram publicadas as obras "Feudo do Parnaso", um panegírico a D. João V em tercetos, e Hecatombe Métrico, obra composta por cem sonetos onde se narra a história da redenção do homem, desde o pecado de Adão até à paixão e morte de Cristo. David Mourão-Ferreira, no Hospital das Letras, afirmou que Francisco de Vasconcelos faz parte do elo indispensável que liga o lirismo camoniano ao pré-romantismo. (Daqui)
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