Anton Melbye, Seascape with sailing ship in rough sea, 1844
Francisco de Pina e Melo, in 'Rimas'
Anton Melbye, Ships at sea, 1867
"O navio é uma ilha habitada por homens e os seus fantasmas."
Solilóquio
Já que o sol pouco a pouco se desmaia
E meu mal cada vez mais se desvela,
Enquanto a pena, a ânsia, a mágoa vela,
Quero aqui estar sozinho nesta praia.
Que bravo o mar se vê! Como se ensaia
Na fúria e contra os ares se rebela!
Como se enrola! Como se encapela!
Parece quer sair da sua raia.
Mas também que inflexível, que constante
Aquela penha está à força dura
De tanto assalto e horror perseverante!
Ó empolado mar, penha segura,
Sois a imagem mais própria e semelhante
De meu fado e da minha desventura.
E meu mal cada vez mais se desvela,
Enquanto a pena, a ânsia, a mágoa vela,
Quero aqui estar sozinho nesta praia.
Que bravo o mar se vê! Como se ensaia
Na fúria e contra os ares se rebela!
Como se enrola! Como se encapela!
Parece quer sair da sua raia.
Mas também que inflexível, que constante
Aquela penha está à força dura
De tanto assalto e horror perseverante!
Ó empolado mar, penha segura,
Sois a imagem mais própria e semelhante
De meu fado e da minha desventura.
Francisco de Pina e Melo, in 'Rimas'
Anton Melbye, Ships at sea, 1867
"O navio é uma ilha habitada por homens e os seus fantasmas."
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