sexta-feira, 1 de novembro de 2019

"Finados" - Poema de Delminda Silveira


Vasily Perov, Old Parents Visiting the Grave of Their Son, 1874



Finados


Dobram os sinos... Quanta tristeza
Quanta saudade vinda do Além!...
Até parece que a Natureza
De pura mágoa chora também!

Caem dos ares, lá derramadas,
Lágrimas tristes por sobre a terra;
Pérolas d'alma cristalizadas
Enchem o campo, cobrem a terra.

Quem sabe? — almas, que Além partiram,
Neste momento lá chorarão?...
Outras que em vida dores curtiram,
A paz eterna já fruirão?...

Cobrem-se os campos de tantas flores...
Lágrimas correm por tantos lares
Abrem saudades que avivam amores...
Morrem sorrisos, nascem pesares...

E as almas idas pedem aos vivos
Por sobre as campas deixem cair
Dos rosários os lenitivos
Que — Ave-Maria lhes faz sentir!

Aos Céus piedosos todos mandemos
Preces ungidas de fé bendita;
Murcham as flores... mas nós teremos
Nas flores d'alma vida infinita!


2 Novembro de 1925

Sem comentários: