Robert Zünd (Swiss painter, 1826-1909), Three Crosses along a Country Lane
Eternidade
A minha eternidade neste mundo
Sejam vinte anos só, depois da morte!
O vento, eles passados, que, enfim, corte
A flor que no jardim plantei tão fundo.
As minhas cartas leia-as quem quiser!
Torne-se público o meu pensamento!
E a terra a que chamei — minha mulher —
A outros dê seu lábio sumarento!
A outros abra as fontes do prazer
E teça o leito em pétalas e lume!
A outros dê seus frutos a comer
E em cada noite a outros dê perfume!
O globo tem dois polos: Ontem e hoje.
Dizemos só: — Meu pai! ou só:— Meu filho!
O resto é baile que não deixa trilho.
Rosto sem carne; fixidez que foge.
Venham beijar-me a campa os que me beijam
Agora, frágeis, frívolos e humanos!
Os que me virem, morto, ainda me vejam
Depois da morte, vivo, ainda vinte anos!
Nuvem subindo, anis que se evapora...
Assim um dia passe a minha vida!
Mas, antes, que uma lágrima sentida
Traga a certeza de que alguém me chora!
Adro! Cabanas! Meu cantar do Norte!
(Negasse eu tudo acreditava em Deus!)
Não peço mais: — Depois da minha morte
Haja vinte anos que ainda sejam meus!
Sejam vinte anos só, depois da morte!
O vento, eles passados, que, enfim, corte
A flor que no jardim plantei tão fundo.
As minhas cartas leia-as quem quiser!
Torne-se público o meu pensamento!
E a terra a que chamei — minha mulher —
A outros dê seu lábio sumarento!
A outros abra as fontes do prazer
E teça o leito em pétalas e lume!
A outros dê seus frutos a comer
E em cada noite a outros dê perfume!
O globo tem dois polos: Ontem e hoje.
Dizemos só: — Meu pai! ou só:— Meu filho!
O resto é baile que não deixa trilho.
Rosto sem carne; fixidez que foge.
Venham beijar-me a campa os que me beijam
Agora, frágeis, frívolos e humanos!
Os que me virem, morto, ainda me vejam
Depois da morte, vivo, ainda vinte anos!
Nuvem subindo, anis que se evapora...
Assim um dia passe a minha vida!
Mas, antes, que uma lágrima sentida
Traga a certeza de que alguém me chora!
Adro! Cabanas! Meu cantar do Norte!
(Negasse eu tudo acreditava em Deus!)
Não peço mais: — Depois da minha morte
Haja vinte anos que ainda sejam meus!
Poeta português, de nome completo Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello, nascido a 6 de setembro de 1904, no Porto,
e falecido a 5 de março de 1984, na mesma cidade, pertencente à geração
dos poetas presencistas.
Formado em Direito pela Universidade de
Coimbra, foi professor de Português e de Literatura Portuguesa no ensino
técnico. É autor de uma obra poética extensa (cerca de 25 volumes de
poesia) que surpreende pela coerência de características métricas,
temáticas e retóricas mantidas quase inalteráveis de livro para livro.
Integrando uma poesia de cunho tradicional, fundada na regularidade
rítmica e versificatória, tematiza frequentemente a revolta, o desafio
da lei ou da repressão moral, a mitificação do Povo, "numa abordagem
complexa que conjuga certo aristocratismo folclórico com a construção de
algumas das suas imagens-símbolo (cf. LOPES, Óscar - Entre Fialho e Nemésio II, Lisboa,
INCM, 1987, pp. 808-817).
Para Joaquim Manuel Magalhães, os poemas de
Pedro Homem de Mello bifurcam-se em dois grandes grupos: "Um, em que
certa realidade da paisagem humana e natural do norte minhoto ao centro
litoral irrompe; outro, em que a densidade conflituosa das paixões se
prende numa manifestação lírica quase confessional" (cf. MAGALHÃES,
Joaquim Manuel - Os Dois Crepúsculos, Lisboa,
A Regra do Jogo, 1981, pp.39-40).
Ao mesmo tempo, a sua poesia, de raiz
popular, deixa revelar uma faceta importante de escritor apaixonado
pelo folclore português, área de interesse para a qual escreveu vários
ensaios e desenvolveu programas de rádio e de televisão.
Foi
distinguido com o Prémio Antero de Quental (1940) e o Prémio Nacional de
Poesia (1973). A sua obra poética encontra-se compilada em Poesias Escolhidas (1983). Como estudioso do folclore nacional, escreveu A Poesia na Dança e nos Cantares do Povo Português (1941) e Danças de Portugal (s/d). (Daqui)
Robert Zünd, Clearance in an Oak Forest
"Cada momento da busca é um momento de encontro com Deus e com a Eternidade."
"Cada momento da busca é um momento de encontro com Deus e com a Eternidade."
Paulo Coelho, in 'O Alquimista'
Wikiquote
Fonte: https://citacoes.in/citacoes/105498-paulo-coelho-cada-momento-da-busca-e-um-momento-de-encontro-com/
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