Júlio Pomar, Fernando Pessoa, c. 1983, painel de azulejos,
estação de Metropolitano Alto dos Moínhos, Lisboa
estação de Metropolitano Alto dos Moínhos, Lisboa
(O metro de Lisboa também é conhecido pela sua decoração; o azulejo é o principal elemento decorativo das estações, fazendo de cada estação uma obra diferente. A estação do Alto dos Moinhos, por exemplo, tem azulejos alusivos a Fernando Pessoa do artista português Júlio Pomar).
Estou Tonto
Estou tonto,
Tonto de tanto dormir ou de tanto pensar,
Ou de ambas as coisas.
O que sei é que estou tonto
E não sei bem se me devo levantar da cadeira
Ou como me levantar dela.
Fiquemos nisto: estou tonto.
Afinal
Que vida fiz eu da vida?
Nada.
Tudo interstícios,
Tudo aproximações,
Tudo função do irregular e do absurdo,
Tudo nada.
É por isso que estou tonto ...
Agora
Todas as manhãs me levanto
Tonto ...
Sim, verdadeiramente tonto...
Sem saber em mim e meu nome,
Sem saber onde estou,
Sem saber o que fui,
Sem saber nada.
Mas se isto é assim, é assim.
Deixo-me estar na cadeira,
Estou tonto.
Bem, estou tonto.
Fico sentado
E tonto,
Sim, tonto,
Tonto...
Tonto.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
O azulejo em Portugal
Painel historiado do cerco ao Castelo de Torres Novas, painel de azulejos de Gil Pais, Torres Novas.
Os portugueses não inventaram o azulejo mas usaram-no de forma original, para revestir paredes, pavimentos, bancos, lagos e fontes. Fizeram-no tão bem que estes pequenos quadrados de barro, a que o fogo dá vida, atingiram o estatuto de obras-primas.
O Azulejo é uma das expressões mais fortes da Cultura em Portugal e uma das contribuições mais originais do génio dos portugueses para a Cultura Universal.
O Azulejo ultrapassou largamente a mera função utilitária ou o seu destino de Arte Ornamental e atingiu o estatuto transcendente de Arte, enquanto intervenção poética na criação das arquiteturas e das cidades.
O Azulejo ultrapassou largamente a mera função utilitária ou o seu destino de Arte Ornamental e atingiu o estatuto transcendente de Arte, enquanto intervenção poética na criação das arquiteturas e das cidades.
Estação de Metro do Alto dos Moinhos
As estações de metro de Lisboa são a mais importante Galeria de Arte Pública da cidade. Na decoração da maioria das estações há um elemento em destaque: o azulejo. Elemento expressivo por natureza, demonstra ser a técnica ideal para artistas portugueses e estrangeiros se expressarem.
Algumas estações contêm em si verdadeiras surpresas, por vezes organizadas de modo a promover circuitos de fruição. Por exemplo, o Museu da Música está instalado na estação de metro Alto dos Moinhos.
Os lisboetas e utilizadores do metro na sua azáfama pouco tempo têm para admirar estas galerias e para mais, os televisores publicitários espalhados nas plataformas tendem a roubar a sua atenção!
As estações de metro de Lisboa são a mais importante Galeria de Arte Pública da cidade. Na decoração da maioria das estações há um elemento em destaque: o azulejo. Elemento expressivo por natureza, demonstra ser a técnica ideal para artistas portugueses e estrangeiros se expressarem.
Algumas estações contêm em si verdadeiras surpresas, por vezes organizadas de modo a promover circuitos de fruição. Por exemplo, o Museu da Música está instalado na estação de metro Alto dos Moinhos.
Os lisboetas e utilizadores do metro na sua azáfama pouco tempo têm para admirar estas galerias e para mais, os televisores publicitários espalhados nas plataformas tendem a roubar a sua atenção!
Letreiro na estação Alto dos Moinhos do metro de Lisboa, linha azul; azulejos de Júlio Pomar.
Azulejos na Estação de Metro do Alto dos Moinhos
A estação de metro do Alto dos Moinhos, (Linha Azul), aberta ao público em 1988, tem projecto do arq. Ezequiel Nicolau e intervenção plástica do pintor Júlio Pomar. Utilizando o graffiti como expressão artística, Júlio Pomar homenageou quatro figuras das letras portuguesas, Camões, Bocage, Pessoa e Almada.
O trabalho de um ano de desenho resultou na animação plástica das paredes desta estação e numa exposição organizada pelo Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1984, intitulada "1 Ano de desenho, 4 poetas no Metropolitano de Lisboa". João Castel-Branco Pereira, na sua obra "Arte-Metropolitano de Lisboa", descreve a tónica que o pintor quis imprimir a cada poeta e a iconografia que utilizou:
O trabalho de um ano de desenho resultou na animação plástica das paredes desta estação e numa exposição organizada pelo Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1984, intitulada "1 Ano de desenho, 4 poetas no Metropolitano de Lisboa". João Castel-Branco Pereira, na sua obra "Arte-Metropolitano de Lisboa", descreve a tónica que o pintor quis imprimir a cada poeta e a iconografia que utilizou:
Camões "guerreiro e
galante, memorista de uma história pátria poeticamente ficcionada, em
duelos medievais, exotismos do Oriente e amores fogosos em ilhas
míticas";
Bocage "irreverente
e sarcástico narrador de histórias burlescas, que contudo não deixa
transparecer uma consciência tenebrística da vida";
Fernando Pessoa "personagem
do drama moderno da impossibilidade do indivíduo ser um só,
desmultiplicando-se em diferentes heterónimos, sentados em simultâneo à
mesma mesa do café urbano";
Almada Negreiros "cosmopolita,
fazendo explodir a sua integridade na diversidade dos talentos,
Arlequim dos seus desenhos, elegante citadino, apaixonado do ver,
observador sempre atento".
http://www.cm-lisboa.pt/
Júlio Pomar, Camões, c. 1983, painel de azulejos,
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