domingo, 13 de julho de 2014

"O Louro Chá no Bule Fumegando" - Poema de Pedro António Correia Garção


Pierre-Auguste Renoir, Luncheon of the Boating Party, 1880–1881
The Phillips Collection, Washington, D.C.
 


O Louro Chá no Bule Fumegando
 
(SONETO XVI)


O louro chá no bule fumegando
De Mandarins e Brâmanes cercado;
Brilhante açúcar em torrões cortado;
O leite na caneca branquejando.

Vermelhas brasas, alvo pão tostado;
Ruiva manteiga em prato bem lavado;
O gado feminino rebanhado,
E o pisco Ganimedes apalpando;

A ponto a mesa está de enxaropar-nos.
Só falta que tu queiras, meu Sarmento,
Com teus discretos ditos alegrar-nos.

Se vens, ou caia chuva, ou brame o vento,
Não pode a longa noite enfastiar-nos,
Antes tudo será contentamento.


Pedro António Correia Garção,
 in 'Antologia Poética' 




Poeta português, de nome completo Pedro António Correia Garção, nascido em 1724 e falecido em 1772, estudou Literatura Clássica no Colégio dos Jesuítas, em Lisboa, e frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra, não chegando, contudo, a terminá-lo. Em 1756, juntamente com Cruz e Silva, Teotónio Gomes de Carvalho e Manuel Nicolau Esteves Negrão, fundou a Arcádia Lusitana, utilizando como pseudónimo arcádico Coridon Erimanteu. Foi escrivão na Casa da Índia e dirigiu a Gazeta de Lisboa de 1760 a 1762. Casado e apreciador da convivência social, manteve relações com estrangeiros, facilitadas pelo domínio do inglês, do francês e do italiano, e também com alguns portugueses das classes mais privilegiadas. Devido a problemas financeiros, passou a viver na Quinta da Fonte Santa e em 1771 foi detido no Limoeiro, por razões não esclarecidas, onde veio a falecer.
Tentou a criação de um teatro nacional com a redação de alguns textos dramáticos (na comédia Assembleia insere-se a célebre Cantata de Dido) e também dedicou alguma atenção ao género epistolar e à poesia de circunstância. Esforçou-se sobretudo no sentido de cultivar os géneros greco-latinos. Admirador de Horácio, fundiu o horacianismo com a poesia do quotidiano e atingiu assim o melhor da sua obra. Para além do poeta latino, também seguiu os quinhentistas portugueses Sá de Miranda, António Ferreira, Camões e Diogo Bernardes.


Pierre-Auguste Renoir
Pierre-Auguste Renoir, c. 1910, by  Dornac (1858-1941)


Pintor francês, Pierre-Auguste Renoir nasceu a 25 de fevereiro de 1841, em Limoges, e morreu em 1919, em Cagnes. Em 1862 conseguiu entrar na Escola de Belas-Artes de Paris, desenvolvendo a admiração por Boucher, Fragonard e Watteau. Talvez por isso o público sempre tenha considerado o seu estilo mais "aceitável" do que o dos restantes companheiros impressionistas. Em 1867, o trabalho Lise resulta da análise da luz e da cor, realizada inteiramente ao ar livre, segundo as conceções impressionistas. Tanto se debruçava sobre paisagens campestres como sobre temas citadinos. O Balouço e Le Moulin de la Galette foram pintados em 1876. Na Normandia continuou os estudos de luz e de água e durante uma viagem pela Itália interessou-se por Rafael e pelos frescos romanos de Pompeia. A procura da espontaneidade impressionista já não o satisfazia e para Les Grandes Baigneuses (1884-87) procura um contorno mais penetrante, inspirando-se num relevo setecentista. Esta obra reconciliou-o com o público e passou a expor frequentemente. Os tons eram quentes, o estilo ganhara vigor. O corpo da mulher tornou-se o centro do seu universo pictural. A partir de 1900 instalou-se no Sul de França.

Pierre-Auguste Renoir. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-07-13].


Pierre-Auguste Renoir, Self-portrait, 1875


Pierre-Auguste Renoir, Lise Sewing, 1866, Dallas Museum of Art


Pierre-Auguste Renoir, Claude Monet Painting in His Garden at Argenteuil, 1873,
Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut
 

Pierre-Auguste Renoir, The Swing (La Balançoire), 1876, oil on canvas, 


Pierre-Auguste Renoir, Two Sisters, oil on canvas, 1881, Art Institute of Chicago


Pierre-Auguste Renoir,  The Artist's Family, 1896, The Barnes Foundation,
Philadelphia, Pennsylvania



Pierre-Auguste Renoir, Bathers, 1918, Barnes Foundation, Philadelphia, Pennsylvania
 

"Numa manhã um de nós já não tinha preto, e assim nasceu o Impressionismo."

(Pierre-Auguste Renoir)
 

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