Fogo do Céu
O que mais amo nesta criatura
E que apaixonadamente me traz
Não é a sua grande formosura,
Mas a paixão de que a julguei capaz.
Com tanta duração como ternura
E tão fiel como o supus tenaz,
Dar-me-ia esse amor toda a ventura
Em que hoje creio e não achei p’ra trás.
Quando consigo por acaso vê-la
Vendo os seus braços, lembro o seu abraço.
Vendo-lhe a boca, sonho os beijos dela.
E, enquanto a vida só prazeres segreda,
Seu lindo corpo some-se no espaço
Tomando a forma duma labareda.
(1871 – 1940)
Sem comentários:
Enviar um comentário