Paula Rego, 'The Firemen of Alijo', 1966
Fogo
Faísca luminar da etérea chama
Que acendes nossa máquina vivente,
Que fazes nossa vista refulgente
Com eléctrico gás, com subtil flama:
A nossa construção por ti se inflama;
Por ti, o nosso sangue gira quente;
Por ti, as fibras tem vigor potente,
Teu vivo ardor por elas se derrama.
Tu, Fogo animador, nos vigorizas,
E à maneira de um voltejante rio,
Por todo o nosso corpo te deslizas.
O homem, só por ti tem força e brio
Mas, se tu o teu giro finalizas,
Quando a chama se apaga, ele cai frio.
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
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