Ao contrário dos monges beneditinos,
Que ficaram a meditar nas suas celas,
Ele gostava de meditar entre os pepinos,
Os bróculos, as favas e as beringelas.
E foi num momento de meditação
Entre ervilhas de casca lisa e rugosa,
Que descobriu por que é que os teus olhos
São castanhos e não azuis ou cor-de-rosa.
Jorge de Sousa Braga
Jorge de Sousa Braga (Daqui)
Que ficaram a meditar nas suas celas,
Ele gostava de meditar entre os pepinos,
Os bróculos, as favas e as beringelas.
E foi num momento de meditação
Entre ervilhas de casca lisa e rugosa,
Que descobriu por que é que os teus olhos
São castanhos e não azuis ou cor-de-rosa.
Jorge de Sousa Braga
Jorge de Sousa Braga (Daqui)
Poeta, tradutor e médico português, Jorge de Sousa Braga nasceu a 23 de dezembro de 1957, em Cervães, no concelho de Vila Verde. Após ter completado os estudos básicos e liceais em Viana do Castelo e em Braga, ingressou na faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Concluiu o curso em 1981, tendo-se especializado em Obstetrícia/Ginecologia, e iniciou a sua carreira profissional no Hospital de Santo António, no Porto. Já casado e pai de dois filhos, dedicou-se posteriormente ao estudo e à consulta de casos de esterilidade/infertilidade.
Desde muito cedo sentiu-se impelido para a poesia - tinha apenas oito anos quando escreveu o seu primeiro poema, uma espécie de homenagem ao então futebolista Eusébio, um dos seus ídolos de infância e representante, na altura, do Sport Lisboa e Benfica, clube de que sempre foi adepto. Seria, no entanto, a partir dos 14 anos que o autor começaria a escrever consciente de que a poesia começara já a fazer parte, de forma intrínseca, da sua vida.
Jorge de Sousa Braga pertence à geração dos poetas da pós-revolução, revelando uma habilidade inata na construção poética, que, embora fecunda em cadências vivas, não se submete à rigidez de um esquema métrico. Na sua escrita destacam-se expressões simples e quotidianas, revestidas de um profundo sentimento de ternura - por vezes também de desalento - combinadas com notas de acentuada ironia ou de intensa sensualidade/intimidade. É notória, em toda a sua produção literária, uma instintiva aproximação aos elementos da Natureza.
Leitor impulsivo de poesia, o seu trabalho como autor manifesta-se também nas várias traduções que tem feito, assim como nas antologias de que é responsável, considerando-as como o resultado de um apaixonante exercício de transmutação.
Frequentemente convidado para participar em eventos de índole cultural e/ou literária, apresenta, na sua bibliografia de originais, os seguintes títulos: De manhã vamos todos acordar com uma pérola no cu , Fenda, 1981; Plano para salvar Veneza , Fenda, 1981; A greve dos controladores do voo , Fenda, 1984; Boca do Inferno, Gota de Água, 1987; Os pés luminosos, Centelha, 1987; Fogosobre fogo, Fenda, 1998; O poeta nu (poemas reunidos), Fenda, 1991 e 1999; Herbário, Assírio e Alvim, 1999, distinguido com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura Infantil; Balas de pólen (antologia), Quasi Edições, 2001; A ferida aberta, Assírio e Alvim, 2001; Pó de estrelas, Assírio e Alvim, 2004; Porto de abrigo, Assírio e Alvim, 2005.
Relativamente a versões e antologias, destacam-se: Museu e outros poemas, Fenda, 1982; Filhos da neve (em colab.), de Leonard Cohen, Assírio e Alvim, 1985; O bosque sagrado (em colab.), Gota de Água, 1986; O gosto solitário do orvalho, de Matsuo Bashô, Assírio e Alvim, 1986; Sono de Primavera (poemas chineses), Litoral, 1987; O caminho estreito…, de Matsuo Bashô, Fenda, 1987 e 1995; O século das nuvens, de Guillaume Apollinaire, Hiena Editora, 1987; Ovinho e as rosas, Assírio e Alvim, 1995; A religião do girassol, Assírio e Alvim, 2000; Poemas com asas, Assírio e Alvim, 2001; Primeira neve, Assírio e Alvim, 2002; Qual é a minha ou a tua língua, Assírio e Alvim, 2003; Os cinquenta poemas do amor furtivo e outros poemas eróticos da Índia antiga, Assírio e Alvim, 2004; Animal Animal - um bestiário poético, Assírio e Alvim, 2005. (Daqui)
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