Ponte de D. Luís (Porto), Fotografia de Eduardo Regueiro
Pôr-do-sol em Portugal
Quando o sol se põe,
as ruas de Portugal ficam
quietas como um pássaro.
Talvez hajam barcos saindo do porto
levando o corpo de Álvaro de Campos.
Os oceanos sempre serão menores
para tantas embarcações
que partem, velas invisíveis
no longínquo silêncio
de ondas que morrerão.
Quando o sol se põe,
as mulheres talvez cantem uma canção
e talvez amem homens tristes
em alamedas distantes,
onde a memória se perdeu
e onde a música não existe mais.
Quando o sol se põe,
as casas de Portugal ficam amarelas
e todas as janelas se fecham
em adeus a todas as coisas.
Quando o sol se põe,
os passos se perdem nas calçadas,
talvez os dias não amanheçam mais,
talvez as igrejas fechem
e talvez um lábio faça ainda uma súplica
de amor.
Quando o sol se põe,
as sombras de Portugal ficam mais
nítidas,
os casais talvez chorem,
talvez sorriam,
mas isso ninguém sabe,
mas isso ninguém saberá.
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