sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

"Pôr-do-sol em Portugal" - Poema de Álvaro Alves de Faria




Pôr-do-sol em Portugal


Quando o sol se põe, 
as ruas de Portugal ficam 
quietas como um pássaro. 
Talvez hajam barcos saindo do porto 
levando o corpo de Álvaro de Campos. 
Os oceanos sempre serão menores 
para tantas embarcações 
que partem, velas invisíveis 
no longínquo silêncio 
de ondas que morrerão. 
Quando o sol se põe, 
as mulheres talvez cantem uma canção 
e talvez amem homens tristes 
em alamedas distantes, 
onde a memória se perdeu 
e onde a música não existe mais. 
Quando o sol se põe, 
as casas de Portugal ficam amarelas 
e todas as janelas se fecham 
em adeus a todas as coisas. 
Quando o sol se põe, 
os passos se perdem nas calçadas, 
talvez os dias não amanheçam mais, 
talvez as igrejas fechem 
e talvez um lábio faça ainda uma súplica 
de amor. 
Quando o sol se põe, 
as sombras de Portugal ficam mais 
nítidas, 
os casais talvez chorem, 
talvez sorriam, 
mas isso ninguém sabe, 
mas isso ninguém saberá.





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