segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

"Mediocridade" - Poema de Jules Laforgue


Johan Christian Dahl, View of St. Olav’s Church at Avaldsnes, 1820


Mediocridade 


No infinito coberto de eternas belezas,
Como átomo perdido, incerto, solitário,
Um planeta chamado Terra, dias contados,
Voa com os seus vermes sobre as profundezas.

Filhos sem cor, febris, ao jugo do trabalho,
Marchando, indiferentes ao grande mistério,
E quando um dos seus é enterrado, já sérios,
Saudam-no. Do torpor não são arrancados.

Viver, morrer, sem desconfiar da história
Do globo, sua miséria em eterna glória,
Sua agonia futura, o sol moribundo.

Vertigens de universo, todo o seu só festa!
Nada, nada, terão visto. Partem do mundo
Sem visitar sequer o seu próprio planeta.


em "Litanias da lua. Jules Laforgue"
Tradução de Régis Bonvicino.


Johan Christian Dahl, Copenhagen Harbour by Moonlight, 1846


"Só o amor, e não a razão, é mais forte do que a morte."

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