Boris Kustodiev, The Merchant's Wife, 1918
Do Poema
O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes.
O problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema.
Casimiro de Brito,
Canto Adolescente, 1961
Boris Kustodiev, Looking at the Volga, 1922
«O homem moderno vive longe da natureza, pela necessidade da profissão: uma arte que lhe reduz a natureza, que lha torna portátil, que lha introduz na sala de jantar, na alcova, interpretada, escolhida, - faz ao homem o maior serviço - pô-lo em comunicação permanente com a natureza. - E a natureza é tudo: calma, consola, eleva, repousa e vivifica».
Eça de Queirós, A Tragédia da Rua das Flores, c. 1878 (ed. 1980).
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