Paul Gustav Fischer (Danish painter, 1860 – 1934), Day Dreams
Distância
Não vás para tão longe!
Vem sentar-te
Aqui na chaise-longue, ao pé de mim...
Tenho o desejo doido de contar-te
Estas saudades que não tinham fim.
Não vás para tão longe;
Quero ver
Se ainda sabes olhar-me como d'antes,
E se nas tuas mãos acariciantes,
Inda existe o perfume de que eu gosto.
Não vás para tão longe!
Tenho medo
Do silêncio pesado d'esta sala...
Como soluça o vento no arvoredo!
E a tua voz, amor, como se cala!
Não vás para tão longe!
Antigamente,
Era sempre demais o curto espaço
Que havia entre nós dois...
Agora, um embaraço,
Hesitas e depois,
Com um gesto de tédio e de cansaço,
Achas inconveniente
O meu abraço.
Não vás para tão longe!
Fica. Inda é tão cedo!
O vento continua a fustigar
Os ramos sofredores do arvoredo,
E eu ponho-me a pensar
E tenho medo!
Não vás para tão longe!
Na sombra impenetrada,
Como se agita e se debate o vento!...
Paira nas velhas ruínas do convento
Que além se avista,
A alma melancólica d'um monge
Que a vida arremessou àquela crista...
Céu apagado, negro, pessimista,
E tu sempre mais longe!...
Fernanda de Castro,
in "Antemanhã"
Fernanda de Castro
Maria Fernanda Teles de Castro e Quadros Ferro (Lisboa, 8 de Dezembro de 1900 – 19 de Dezembro de 1994), foi uma escritora portuguesa.
O escritor David Mourão-Ferreira,
durante as comemorações dos cinquenta anos de atividade literária de
Fernanda de Castro disse: "Ela foi a primeira, neste país de musas
sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria
também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no
tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um
motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite".
Parte da vida de Fernanda de Castro, foi dedicada à infância, tendo sido a fundadora da Associação Nacional de Parques Infantis, associação na qual teve o cargo de presidente.
Como escritora, dedicou-se à tradução de peças de teatro, a escrever poesia, romances, ficção e teatro. Foi autora do argumento do bailado Lenda das Amendoeiras (Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio, 1940) e do argumento do filme Rapsódia Portuguesa (1959), realizado por João Mendes, documentário que esteve em competição oficial no Festival de Cannes. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas: lllustração portugueza (iniciada em 1903), Contemporânea [1915]-1926) e Ilustração (iniciada em 1926).
Galeria de Paul Gustav Fischer
Paul Fischer, Portrait of the artist's daughter, Inge
Paul Fischer, Portrait of Lisa Orth
Paul Fischer, Seated model in the artist's studio, s.d. oil on canvas
Paul Fischer, The morning toilet
Paul Fischer, Women on the beach in Falsterbo
Paul Fischer, Sunbathing in the Dunes, 1916
Paul Fischer, Scene from Copenhagen, 1895
«Somos infalíveis na nossa escolha de amantes, particularmente quando precisamos da pessoa errada. Existe um instinto, uma força magnética ou antena que busca o inadequado.» - Hanif Kureishi
Hanif Kureishi
Hanif Kureishi nasceu em Bromley, sul de Londres, em 1954, de mãe inglesa e pai paquistanês. Estudou filosofia no King's College (Londres). É dramaturgo, contista e roteirista dos filmes My Beautiful Laundrette - vencedor de diversos prémios e indicado para o Oscar em 1987 - e Sammy and Rosie Get Laid, ambos dirigidos por Stephen Frears. Escreveu e dirigiu London kills me, filme lançado em 1991. Seu primeiro romance, o aclamado O buda do subúrbio, foi adaptado para a televisão pela BBC.
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