Jean-Louis Ernest Meissonier, Le Liseur Blanc, 1857
Poema em linha reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos,
Heterónimo de Fernando Pessoa
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos,
Heterónimo de Fernando Pessoa
Jean-Louis-Ernest Meissonier (Lyon, 21 de fevereiro de 1815 – Paris, 21 de janeiro de 1891) foi um escultor e pintor classicista francês, famoso por suas representações de Napoleão, de seus exércitos e de temas militares.
Jean-Louis Ernest Meissonier, Autoportrait, 1889
Jean-Louis Ernest Meissonier, Un jeu de piquet, 1861, National Museum Cardiff.
Jean-Louis Ernest Meissonier, Le siège de Paris, 1870, musée d'Orsay, Paris.
Jean-Louis Ernest Meissonier, Relief After the Battle
Jean-Louis Ernest Meissonier, Napoléon III à la bataille de Solferino, 1863,
Jean-Louis Ernest Meissonier, 1814, la Campagne de France: Napoléon et son état-major derrière lui;
Jean-Louis Ernest Meissonier, Napoléon en 1814, 1862,
Jean-Louis Ernest Meissonier, The Card Players
Jean-Louis Ernest Meissonier, Le Philosophe
Jean-Louis Ernest Meissonier, In June 1868 Meissonier arrived in Antibes
- "It is delightful to sun oneself in the brilliant light of the South," he wrote
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