Christian Schloe, Fly Me to Paris
Poema
Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha,
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada
alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler
alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direção dos rios
alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
António José Forte,
in Uma Faca nos Dentes
Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lágrimas uma ilha,
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada
alguma coisa onde a tua mão
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler
alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vê-lo passar na direção dos rios
alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresse
para ouvir-te sonhar
António José Forte,
in Uma Faca nos Dentes
António José Forte (Póvoa de Santa Iria, 6 de Fevereiro de 1931 – Lisboa, 15 de Dezembro de 1988), poeta ligado ao Movimento Surrealista, integrou o chamado Grupo do Café Gelo. Trabalhou também como funcionário da Fundação Calouste Gulbenkian, onde durante mais de 20 anos desempenhou as funções de Encarregado das Bibliotecas Itinerantes. Era casado com a pintora Aldina.
Deixou uma obra breve, mas que claramente o afirma como um consumado poeta. Com colaboração na revista Pirâmide e em vários jornais (A Rabeca, Notícias de Chaves, O Templário, Diário de Lisboa, A Batalha, Jornal de Letras, Artes e Ideias), publicou o seu primeiro livro, 40 Noites de Insónia de Fogo de Dentes Numa Girândola Implacável e Outros Poemas, em 1958. Representado em inúmeras antologias poéticas, António José Forte é também autor do livro de poesia infanto-juvenil Uma rosa na tromba de um elefante.
A poesia de António José Forte carreia uma certa perversão do "discurso" poético e a utopia ideológica, anarquizante e ainda claramente surrealista; é, com uma intenção nitidamente bretoniana, uma maneira de afirmar que o ato de escrever é "ainda aquilo que sabe fazer melhor", mas dizer também em consciência haver "gente que nunca escreveu uma linha e fez mais pela palavra que toda uma geração de escritores" . A sua poesia está reunida em Uma Faca nos Dentes, com um prefácio de Herberto Helder, seu amigo de muitos anos, onde este afirma que "a voz de António José Forte não é plural, nem direta ou sinuosamente derivada, nem devedora. Como toda a poesia verdadeira, possui apenas a sua tradição. A tradição romântica, no menos estrito e mais expansivo e qualificado registo".
Galeria de Christian Schloe
(Artista austríaco cujo trabalho inclui a arte digital, pintura, ilustração e fotografia.)
"The Poet" by Christian Schloe
"The Pleasure of Travelling" by Christian Schloe
"The Sea Inside" by Christian Schloe
"Voyage" by Christian Schloe
"The River" by Christian Schloe
"Unlock" by Christian Schloe
"Nightmakers" by Christian Schloe
"Midnight Sky" by Christian Schloe
"Lost in a Dream" by Christian Schloe
"The Messenger" by Christian Schloe
"The Key to Wonderland" by Christian Schloe
"Night Bird" by Christian Schloe
"A Preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral."
(Zygmunt Bauman)
O professor Zygmunt Bauman em 2012, com 88 anos de idade, fazendo palestras,
dando aulas e lançando livros. (Foto: Leonardo Cendamo/AFP)
Tem mais de dezesseis obras publicadas no Brasil, dentre as quais Amor Líquido, Globalização: as Consequências Humanas e Vidas Desperdiçadas.
Bauman tornou-se conhecido por suas análises das ligações entre modernidade (controle sobre a natureza, hierarquização burocrática, regras e normatização, categorização, para impor ordem, diminuir entropia social e insegurança) e Holocausto (não simplesmente um evento da história do povo judeu, mas característica da modernidade), e pós-modernidade (renúncia à segurança característica da modernidade em favor da liberdade, liberdade de comprar e consumir).
"Longing" by Christian Schloe
"Para mudar o mundo, os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real"
(Zygmunt Bauman)
"Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar."
(Zygmunt Bauman)
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