sábado, 30 de outubro de 2021

"EX/PLICAÇÃO" - Poema de Haroldo de Campos


László Moholy-Nagy (1895–1946), Z VII, 1926. Constructivism (art) 
 


EX/PLICAÇÃO


não há um
sentido único
num
poema

quando alguém
começa a ex-
plicá-lo e
chega ao fim
en-
tão só fica o
ex
do ponto de
partida

beco

(tente outra
vez)

sem saída


Haroldo de Campos,
In A Educação dos Cinco Sentidos
Editora Brasiliense, São Paulo, 1985
 
 
Haroldo de Campos - foto de German Lorca
(Daqui)
 

Sendo um dos mais importantes poetas e teóricos da vanguarda brasileira, Haroldo de Campos, nascido a 20 de agosto de 1929, revelou o seu talento poético muito cedo. Ainda adolescente, publicou alguns textos na Revista Brasileira de Poesia e nos suplementos literários da imprensa de S. Paulo. Senhor de uma cultura poética e de conhecimentos em geral surpreendentes, o autor figura entre aqueles que melhor representam a nova poesia brasileira (sendo, aliás, um dos responsáveis pelo surgimento da corrente concretista no país), através de obras como Auto do Possesso (1950), Antologia de Poemas (1962) e Xadrez de Estrelas (1975).
Por outro lado, os seus livros teóricos refletem a sua vertente de crítico e ensaísta, tratando com reconhecida originalidade os problemas da produção textual de vanguarda e da reflexão metalinguística. De entre as suas obras críticas, destacam-se as publicações A Arte no Horizonte do Provável (1969), Metalinguagem (Ensaios de Teoria e Crítica Literária) (1976), Teoria da Poesia Concreta (escrita com seu irmão Augusto de Campos, 1964), Sousândrade - Poesia (com Augusto de Campos, 1966) e Morfologia do Macunaíma (1972).
Destacam-se também as múltiplas traduções que assinou (feitas por vezes de parceria com Augusto de Campos), de autores como Dante, James Joyce e Ezra Pound, que constituem, a um tempo, interessantíssimos exercícios de (re)criação poética e importantes trabalhos de divulgação literária.
Haroldo de Campos faleceu a 16 de agosto de 2003.
(daqui)
 
 
László Moholy-Nagy, Construction A L6, 1933-34
 
 
 
"Assim, temos na câmara fotográfica a ajuda mais confiável para um começo de visão objetiva."

 
 
László Moholy-Nagy (daqui)
 

László Moholy-Nagy (Bácsborsód, Hungria, 20 de julho de 1895 — Chicago, 24 de novembro de 1946) nascido László Weisz) foi um pintor e artista húngaro bem como professor na escola Bauhaus. 
Ele foi altamente influenciado pelo construtivismo e um forte defensor da integração da tecnologia e da indústria nas artes. 
O crítico de arte Peter Schjeldahl chamou-o de "implacavelmente experimental" por causa de seu trabalho pioneiro em pintura, desenho, fotografia, colagem, escultura, filme, teatro e escrita.
Ele também trabalhou em colaboração com outros artistas, incluindo sua primeira esposa Lucia Moholy, Walter Gropius, Marcel Breuer e Herbert Bayer.
Sua maior realização pode ser a School of Design em Chicago, que sobrevive hoje como parte do Illinois Institute of Technology, que a historiadora de arte Elizabeth Siegel chamou de "sua obra de arte abrangente". Ele também escreveu livros e artigos defendendo um tipo utópico de alto modernismo. (daqui)
 
 
László Moholy-Nagy, A 19, 1927


Construtivismo


O Construtivismo russo foi um movimento estético-político iniciado na Rússia a partir de 1913, como parte do contexto dos movimentos de vanguarda no país, de forte influência na arquitetura e na arte ocidental. Ele negava uma "arte pura" e procurava abolir a ideia de que a arte é um elemento especial da criação humana, separada do mundo quotidiano. A arte, inspirada pelas novas conquistas do revolucionário Estado Operário, deveria se inspirar nas novas perspetivas abertas pelas técnicas e materiais modernos servindo a objetivos sociais e a construção de um mundo socialista. O termo arte construtivista foi introduzido pela primeira vez por Malevich para descrever o trabalho de Rodchenko em 1917.

O construtivismo como movimento ativo durou até 1934, tanto na União Soviética como na República de Weimar, as suas proposições inovadoras influenciam fortemente toda a arte moderna. A partir do Congresso dos Escritores de 1934 a única forma de arte admitida na URSS seria o Realismo socialista e todas as outras tendências artísticas durante o Stalinismo seriam consideradas formalistas.

Caracterizou-se, de forma bastante genérica, pela utilização constante de elementos geométricos, cores primárias, fotomontagem e a tipografia sem serifa. O construtivismo teve influência profunda na arte moderna e no design moderno e está inserido no contexto das vanguardas estéticas europeias do início do século XX. (São considerados manifestações influenciadas pelo construtivismo o De Stijl, a Bauhaus, o suprematismo, assim como grande parte da vanguarda russa).

Do ponto de vista das artes plásticas, usando uma aceção mais ampla da palavra, toda a arte abstrata geométrica do período (décadas de 1920, 30 e 40 ( pode ser grosseiramente chamada de construtivista (o que inclui as experiências artísticas na Bauhaus, o neoplasticismo e outros movimentos similares). No teatro, um de seus principais nomes foi o diretor teatral Meierhold, no cinema o grande nome foi Eisenstein, com suas teorias sobre a montagem cinematográfica. Um grande poeta, considerado construtivista, foi o russo Nicolai Asseiev, tendo Vladimir Maiakovski sofrido grande influência desta tendência.. (Continua..) 
 

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