quinta-feira, 28 de outubro de 2021

"Os armários da noite" - Poemas de Alice Vieira


popularly known as  Whistler's Mother, a portrait of Anna by her son.


 
Esperar que voltes é tão inútil

 
esperar que voltes é tão inútil como o
sorriso escancarado dos mortos na
necrologia dos jornais

e no entanto de cada vez que
a noite se rasga em barulhos no elevador e
um telefone se debruça de um sexto andar

sinto que ainda ficou uma palavra minha
esquecida na tua boca
e que vais voltar
para
a
devolver

Alice Vieira,
12º poema do livro "Os armários da noite"

 
"...Que limbo é este onde
Pelo meio da noite às vezes aparecias
Mas apenas para desfazer esquecidos silêncios
Porque bem sabes ao terceiro Whisky
O amor é sempre eterno..." 
 
 
"Os armários da noite"
 
 
Alice Vieira (daqui)

Alice Vieira nasceu em 1943, em Lisboa. É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa.
Iniciou a sua carreira de jornalista aos 18 anos, no Diário de Lisboa. Trabalhou em vários jornais, entre os quais o Diário de Notícias, a cuja redação pertenceu até 1990, data em que deixou o jornalismo diário, para ficar como free-lancer, sendo durante muitos anos colaboradora do Jornal de Notícias e da revista Activa. Atualmente está reformada do jornalismo, mas trabalha no Jornal de Mafra e, desde há 13 anos, na revista juvenil Audácia, dos missionários combonianos.
Em 1979 publicou o seu primeiro romance juvenil — Rosa, Minha Irmã Rosa — que nesse ano ganhou o “Prémio de Literatura do Ano Internacional da Criança”.
Desde então tem publicado regularmente romances juvenis, poesia, teatro, recolhas de histórias tradicionais, livros infantis.
Recebeu o prémio Calouste Gulbenkian em 1983 pelo seu livro Este Rei Que Eu Escolhi; o Grande Prémio Gulbenkian pelo conjunto da obra (1984); o Prix Octogone pela edição francesa de Os Olhos de Ana Marta (2000); a “Estrela de Prata do Prémio Peter Pan” pela edição sueca de “Flor de Mel”, e foi várias vezes distinguida com o Prémio Corvo Branco, atribuído pela Biblioteca Internacional da Juventude de Munique.
Fez parte da equipa de escritores dos programas de televisão “Rua Sésamo”, “Jornalinho”, “Hora Viva”, “Arco-Íris”, etc.
Ultimamente tem-se também dedicado à literatura para adultos, com três volumes de crónicas (Bica Escaldada, Pezinhos de Coentrada e O Que Se Leva Desta Vida), o romance histórico Os Profetas, uma biografia da escritora inglesa Enid Blyton, o livro autobiográfico Histórias da Avó Alice, três livros de poemas -- Dois Corpos Tombando na Água (Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho), O Que Dói às Aves, e Os Armários da Noite — e o livro Tejo, juntamente com o fotógrafo brasileiro Neni Glock. Participou ainda, com mais seis autores, em romances coletivos como Novos Mistérios de Sintra, O Código de Avintes, Eça Agora, 13 Gotas ao Deitar e, mais recentemente, A Misteriosa Mulher da Ópera.
Orienta regularmente oficinas de escrita criativa.
Desloca-se quase diariamente a escolas e bibliotecas de todo o país – e também de países onde os seus livros estão traduzidos (Espanha, Alemanha, Holanda, Itália, Suécia, Sérvia, etc.).
É publicada regularmente em língua francesa pela editora La Joie de Lire— onde já saíram os romances juvenis Viagem à Roda do Meu Nome (Voyage Autour de Mon Nom), Flor de Mel (Fleur de Miel), Os Olhos de Ana Marta (Les Yeux d’Ana Marta), Caderno de Agosto (Cahier d’Août) e O Casamento da Minha Mãe (Le Mariage de Ma Mère) e, mais recentemente, o livro de poemas para crianças A Charada da Bicharada (La Charade des Animaux).
Participou com o maestro Eurico Carrapatoso no conto musical A Arca do Tesouro (interpretada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa); e o compositor Sérgio Azevedo musicou a Charada da Bicharada, recentemente editada em CD.
É membro da direção da Sociedade Portuguesa de Autores.(Daqui)

 

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