sábado, 4 de junho de 2022

"O papão" - Poema de Guerra Junqueiro



Hiroshi Furuyoshi
(Japanese, b. 1959), Maya, 2012
 

O papão


 
As crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para as levar no bolso ou no capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo ao bárbaro papão,
Que ruge pela boca enorme do trovão,
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!
 in A Velhice do Padre Eterno


Hiroshi Furuyoshi, Julien, 2012
 

"O medo é um microscópio que aumenta o perigo."
 
 
Hiroshi Furuyoshi, Campbell, 2014. Horror vacui (art)


Horror Vacui

 
O termo Horror Vacui (horror ao vácuo ou o medo do vazio) remonta ao filósofo grego Aristóteles (384 a.C.322 a.C.) que  o usou  para descrever o fenómeno de que a natureza não conhece vácuo “a natureza tem horror ao vácuo”.
Mario Praz (1896–1982, crítico de arte italiano) usou o termo pela primeira vez para descrever o  uso excessivo de representações ou ornamentos  na arte durante a Era vitoriana 
Horror Vacui  é a tendência de um artista preencher uma superfície inteira com detalhes, sem deixar espaço em branco. Linhas, traços, curvas e imagens  ocupam, carregam, tornam o espaço cheio, repleto, maciço, apinhado, opressivo. 
Como traço estético, a história da arte está repleta de páginas acerca de sua origem céltica, islâmica, bizantina ou mesmo viking.
Horror Vacui é um dos princípios estéticos estruturantes do Barroco e do Rococó. (Daqui)
 

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