Frédéric Bazille (French Impressionist painter, 1841 – 1870), The Pink Dress
(View of Castelnau-le-Lez, Hérault), 1864, oil on canvas, Musée d'Orsay, Paris
Vem ver-me antes que eu morra de amor
Vem ver-me antes que eu morra de amor - o sangue
arrefece dentro do meu corpo e as rosas desbotam
nas minhas mãos. Da minha cama ouço a tempestade
nos continentes; e já quis partir, deixar que o vento
levasse a minha mala por aí; fiz planos de correr mundo
para te esquecer - mas nunca abria a porta.
Vem ver-me enquanto não morro, mas vem de noite -
a luz sublinha a agonia de um rosto e quero que me recordes
como eu podia ter sido. Da minha cama vejo o sol
tatuar as costas do meu país; e já sonhei que o perseguia,
que desenhava o teu nome no veludo da areia e sentia
a vida a pulsar nessa palavra como um músculo tenso
escondido sob a pele - mas depois acordava e não ia.
Vem ver-me antes que morra, mas vem depressa -
os livros resvalam-me do colo e o bolor avança
sobre a roupa. Da minha cama sinto o perfume das folhas
tombadas nos caminhos. O outono chegou. E o quarto
ficou tão frio de repente. E tu sem vires. Agora
quero deitar-me no tapete de musgo do jardim e ouvir
bater o coração da terra no meu peito. Os vermes
alimentam-se dos sonhos de quem morre. E tu não vens.
Maria do Rosário Pedreira
Maria do Rosário Pedreira
Maria do Rosário Pedreira (Lisboa, 1959) é editora e escritora. Desempenha actualmente funções no grupo Leya, depois de ter passado pela editora QuidNovi, pela Temas & Debates e pela Gradiva. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos Franceses e Ingleses, pela Universidade de Lisboa em 1981, foi professora de Português e Francês (durante cinco anos), actividade que a influenciou decisivamente a escrever para um público jovem. Foi ainda directora de publicações da Sociedade Portugal-Frankurt 97 e editora dos catálogos oficiais temáticos da Expo'98, tal como redactora das brochuras inerentes aos Festivais dos Cem Dias e Mergulho no Futuro, promovidos durante a Expo'98.
Como escritora, tem já publicados vários trabalhos de ficção, poesia, crónicas e literatura juvenil, procurando neste último género a transmissão de valores humanos e culturais.
Para a Autora – já distinguida com alguns prémios literários –, a casa pode ser considerada como um mundo onde se encerra tudo aquilo que vai perdurando, mesmo que sob a forma da memória, nostalgicamente.
Obras:
Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu, 1993 A Casa e o Cheiro dos Livros, 1996
O Canto do Vento nos Ciprestes, 2001
Nenhum Nome Depois, 2004
O Clube das Chaves, (co-autora) 21 volumes, 1989-1998
Detective Maravilhas, 19 volumes, 1997 até hoje
A Ilha do Paraíso, 2000
A Biblioteca do Avô, 2005
http://horasextraordinarias.blogs.sapo.pt/
Jean Frédéric Bazille, Auto-portrait (1865-1866)
Jean Frédéric Bazille (Montpellier, 6 de dezembro de 1841 - Beaune-la-Rolande, 28 de novembro de 1870) foi um pintor francês. Nasceu de uma família protestante de classe média.
Teve interesse pela pintura depois de conhecer alguns trabalhos de Eugene Delacroix. Sua família deixou que estudasse pintura, mas com a condição que, também, estudasse medicina.
Bazille iniciou seus estudos de medicina em 1859 e mudou-se para Paris em 1862 para que pudesse continuar seus estudos.
Lá ele conheceu Pierre-Auguste Renoir, que era adepto da pintura Impressionista, e começou a ter aulas no estúdio-escola "Gleyre". Após falhar em seu exame de medicina, em 1864, passou a pintar em tempo integral.
Bazille era amigo de Claude Monet, Alfred Sisley e Édouard Manet, ajudou alguns desses artistas dando a eles espaço em seu estúdio e materiais para usar. Com apenas 23 anos pintou vários trabalhos famosos, incluindo 'O Vestido Cor-de-Rosa'. Sua melhor pintura conhecida é 'Reunião de Família'.
Frédéric Bazille morreu em 28 de novembro de 1870 em Beaune-la-Rolande, na Guerra Franco-Prussia.
Frédéric Bazille, La Toilette, 1869-70, Oil on canvas, Musée Fabre, Montpelier
Frédéric Bazille, Réunion de famille, c.1867/1868,
Musée d'Orsay
Frédéric Bazille, Portrait of Pierre-Auguste Renoir, 1867, Musée d'Orsay
Guns N'Roses - Patience
“Eu não sou o palhaço! Mas em sua inocência, esta sociedade, monstruosamente cínica, não vê aquele que faz papel de sério, a fim de esconder a própria loucura.“
2 comentários:
Boa tarde. Gostei muito do blog e de todas as palavras e imagens que emanam dele. Grata pela poesia e pelos ensinamentos.
Boa noite.
Muito obrigada pelo seu comentário.
É um incentivo para continuar nesta linha que tracei para este blog:
- divulgar alguma informação e proporcionar alguns momentos de reflexão.
Enviar um comentário