segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Surrealismo em Portugal


António Pedro, A Ilha do Cão, 1941, óleo sobre tela, 150 x 180 cm


Primeiras manifestações Surrealistas em Portugal

O surrealismo surge nos horizontes culturais portugueses a partir de 1936, "em experiências literárias «automáticas» realizadas por António Pedro e alguns amigos".
 Em 1940  António Pedro expõe com António Dacosta e Pamela Boden : "A exposição reunia dezasseis pinturas de Pedro, dez de Dacosta e seis esculturas abstratas de Pamela Boden [...].
O surrealismo de que se falara até então vagamente, desde 1924, [...] irrompia nesta exposição, abrindo a pintura nacional para outros horizontes que ali polemicamente se definiam".


António Dacosta - Serenata Açoriana, 1940

Em 1947 Cândido Costa Pinto, que desde 1942 seguia uma linha estética surrealista, contacta, em Paris, com o recém-organizado Grupo Surrealista; André Breton sugere-lhe a organização de um grupo idêntico em Portugal. É deste desafio que irá nascer o Grupo Surrealista de Lisboa.


Cândido Costa Pinto, Decadencia Outonal - Fadista, 1943, 
oleo s/ tela, 49,5x 45cm


"VespeiraFernando AzevedoAntónio Domingues e Moniz Pereira, [...] os poetas Mário Cesariny de Vasconcelos, [...] Alexandre O'Neill e José Augusto França [...] constituiram o núcleo inicial do movimento aglutinado em Outubro de 1947 e que logo contou com a colaboração e animação de António Pedro. [...] O primeiro ato do grupo ainda em formação foi romper com Cândido Costa Pinto", por ter exposto uma pintura nas salas do SNI.


Vespeira,  Parque dos Insultos, 1949

A primeira e única exposição do grupo teve lugar em 1949. Participaram António Pedro, António Dacosta, Fernando Azevedo, Moniz Pereira, Vespeira, Alexandre O'Neill, e José Augusto França, além de dois Cadavre Exquis de Vespeira e Fernando Azevedo e outro, de grandes dimensões, de António Domingues, Fernando Azevedo, António Pedro, Vespeira, Moniz Pereira.


Fernando Azevedo, A cigarreira breve, 1986, 
colagem, 35,5 x 42 cm

A exposição foi motivo de escândalo e alvo de ameaças policiais. A primeira proposta de capa do catálogo, que pretendia inserir-se na campanha eleitoral de Norton de Matos (de oposição ao regime de Salazar), foi proibída pela censura. A iniciativa agitou o meio artístico lisboeta que, no mesmo ano e no seguinte, teve mais duas exposições da índole semelhante, realizadas por um grupo dissidente, Os Surrealistas, composto por Mário CesarinyCruzeiro SeixasMário-Henrique LeiriaAntónio Maria Lisboa, H. Risques Pereira, Fernando José Francisco, Pedro Oom, João Artur da Silva, Carlos Eurico da Costa, Fernando Alves dos Santos, António Paulo Tomaz, "com menor interesse plástico embora notável proposição poética" .

António Dacosta, Dois limões em férias, 1983, óleo sobre tela, 97,5 x 128,5 cm

A exposição do Grupo Surrealista de Lisboa e as restantes, de Os Surrealistas, marcaram o fim do movimento, "ficando apenas os seus componentes em ações pessoais e isoladas".
Vespeira e Fernando Azevedo prosseguiram, ao longo de 1950 e 1951, uma obra pictórica de qualidade, expondo em 1952 na Casa Jalco, ao Chiado: "uma exposição de «óleo, fotografia, guache, desenho, ocultação, colagem, linóleo» constituída por três «Primeiras exposições Individuais» de Fernando de Azevedo, Fernando de Lemos e Vespeira", e que os artistas dedicaram ao precursor do movimento, António Pedro.


Fernando Azevedo, Ocultação, 1949, tinta da china
 sobre imagem impressa, 17,1 x 25,6 cm
 
 

1 comentário:

RoxoMen disse...

Bonita paginha ,Gostei
recomendo tambem :http://carlos-saramago.blogspot.pt/