segunda-feira, 2 de junho de 2014

"Morrer de Indiferença" - Poema de Cecília Meireles


Walter Westley Russel, O vestido azul, 1911


Como se morre de velhice 


Como se morre de velhice 
ou de acidente ou de doença, 
morro, Senhor, de indiferença. 

Da indiferença deste mundo 
onde o que se sente e se pensa 
não tem eco, na ausência imensa. 

Na ausência, areia movediça 
onde se escreve igual sentença 
para o que é vencido e o que vença. 

Salva-me, Senhor, do horizonte 
sem estímulo ou recompensa 
onde o amor equivale à ofensa. 

De boca amarga e de alma triste 
sinto a minha própria presença 
num céu de loucura suspensa. 

(Já não se morre de velhice 
nem de acidente nem de doença, 
mas, Senhor, só de indiferença.) 


in 'Poemas (1957)'


Walter Westley Russel, Carting Sand, 1910


"O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da desumanidade."

George Bernard Shaw, O Discípulo do Diabo


Walter Westley Russel, The Farmyard, 1934


"Descartes já o tinha percebido com uma admirável clareza: a liberdade da indiferença é o grau mais baixo da liberdade."

Gabriel Marcel, O Mistério do Ser


Walter Westley Russel, High Tide, Blakeney, 1938


"A filosofia deveria saber que a indiferença é uma coisa militante.

Stephen CraneImpressões de Londres


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