Para voltar a ver-te
Para voltar
a ver-te
um só instante,
a ti,
que és mais bela que a lua,
antes que a manhã recolha
as estrelas
uma a uma
e as guarde
do outro lado do céu,
vou atravessar
o rio
coberto de holofotes,
que transformam o verde claro
numa fosforescência
de água assustada.
Se não me matarem
nem me apanharem vivo,
mantém-te alerta,
mantém alerta
o desejo mais antigo
e o mais novo.
Vou passar
do lado de fora
da parede
perfurada
pelas balas:
Passa-me um lenço
de seda
com o teu perfume.
Marca-o com o segredo
dos teus lábios.
in 'Marthiya de Abdel Hamid Segundo Alberto Pimenta' , 2005
Sem comentários:
Enviar um comentário