Pieter Brueghel, o Velho (1525-1569), A Triumph of Death (c. 1562), Museo del Prado, Madrid
A Guerra
E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado — um vulto
de esfinge ou de mulher.
Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)
Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esperança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
— imponderável e oculto —
de esfinge, ou de mulher.
in "Tempestade de Verão"
Felix Nussbaum, Triumph des Todes (Die Gerippe spielen zum Tanz), 1944
"A História é um pesadelo do qual tentamos acordar."
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