Francis Cadell, Barcaldine Castle, Argyll, 1928
Os sinos da aldeia
São tantos os caminhos desandados
e tantos os amores não havidos —
e a música do mundo nos ouvidos
esboroando-se contra rochedos;
são tantos os segredos não guardados,
tantas as moças tristes nos jardins —
e nós na ponte pênsil sobre nadas
e tudo entardecendo pouco a pouco;
ah, tantos os encontros soterrados
no mais fundo do peito iludido —
tantas as vozes que jamais se calam
e falam e falam e falam e falam e falam!
E os sinos desta aldeia, clangorosos,
chamando-nos, chamando-nos, chamando-nos.
Antônio Brasileiro Borges,
Desta Varanda (2011)
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