A noite é muito escura
Brilha a luz duma janela.
Vejo-a, e sinto-me humano dos pés à cabeça.
É curioso que toda a vida do indivíduo que ali mora, e que não sei quem é,
Atrai-me só por essa luz vista de longe.
Sem dúvida que a vida dele é real e ele tem cara, gestos, família e profissão.
Mas agora só me importa a luz da janela dele.
Apesar de a luz estar ali por ele a ter acendido,
A luz é a realidade imediata para mim.
Eu nunca passo para além da realidade imediata.
Para além da realidade imediata não há nada.
Se eu, de onde estou, só veio aquela luz,
Em relação à distância onde estou há só aquela luz.
O homem e a família dele são reais do lado de lá da janela.
Eu estou do lado de cá, a uma grande distância.
A luz apagou-se.
Que me importa que o homem continue a existir?
A expressão Art Brut (Arte Bruta) foi criada pelo pintor francês Jean Dubuffet (1901-1985) em 1947, com o objetivo de caracterizar o trabalho
produzido fora do sistema tradicional e profissional da arte (pelo que é
também conhecido por Outsider art), que o artista considerava
mais autêntico e verdadeiro que o dos artistas eruditos. Desta forma, o
conceito de Arte Bruta pretendia englobar produções muito diversificadas
realizadas por crianças, por doentes mentais e por criminosos, que
apresentavam em comum um carácter espontâneo e imaginativo. Englobava
também algumas realizações de carácter público e coletivo, como o
graffiti.
Em novembro de 1947, Dubuffet apresentou pela primeira vez
ao público a sua coleção de obras de Arte Bruta na galeria René Drouin,
em Paris. Em junho do ano seguinte, foi constituída a Companhie de l'Art Brut
(Companhia de Arte Bruta) que assumia como função principal a
valorização, o incremento e a divulgação destes trabalhos. A esta
associação juntam-se vários artistas, críticos de arte ou escritores
como André Breton, Jean Paulhan e Michel Tapé.
Mais tarde, em 1967, a coleção de Arte Bruta foi objeto de uma grande
mostra organizada pelo Museu de Artes Decorativas de Paris e, em partir
de 1976, foi transferida para Lausanne, para o museu de Arte Bruta.
Os Cahiers de l'Art Brut,
publicados desde 1964, constituíram o veículo de divulgação de
trabalhos teóricos e artísticos de muitos autores, de entre os quais se
destacam Joseph Crépin e Augustin Lesage. (Daqui)
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