Henri Biva (French artist, 1848–1929), Forest in the spring, oil on canvas, 73 x 60 cm.
Árvore
Onde os frutos maduram:
sal e sol em minhas veias
luz e mel em boca alheia.
Onde plantei
a alta acácia das febres
eu mesmo me deitei,
para ser a raiz da semente,
e da madeira e seiva
se fez o meu corpo.
Agora,
chove dentro de mim,
em minhas folhas se demoram gotas,
suspensas entre um e outro Sol.
Em mim pousam
cantos e sombras
e eu não sei
se são aves ou palavras.
Árvore
Onde os frutos maduram:
sal e sol em minhas veias
luz e mel em boca alheia.
Onde plantei
a alta acácia das febres
eu mesmo me deitei,
para ser a raiz da semente,
e da madeira e seiva
se fez o meu corpo.
Agora,
chove dentro de mim,
em minhas folhas se demoram gotas,
suspensas entre um e outro Sol.
Em mim pousam
cantos e sombras
e eu não sei
se são aves ou palavras.
"Quem voa depois da morte? É a folha da árvore."
Mia Couto, in "O Último Voo do Flamingo"
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